Moradores de Mariupol evacuados através de três corredores humanitários
Os moradores de Mariupol, cercada e bombardeada pelos russos há várias semanas, vão poder deixar a cidade através de corredores humanitários, informou hoje a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, numa mensagem publicada no canal Telegram.
"Está a ser feito um trabalho árduo para retirar os moradores de Mariupol", referiu Vereshchuk, num vídeo transmitido naquele canal, acrescentando que vão ser criados três corredores para a cidade vizinha de Zaporijia, no Norte.
O primeiro corredor vai partir da cidade de Berdyansk, o segundo da de Mangush e o terceiro de Yurivka, todas nas proximidades de Mariupol.
"A retirada [das pessoas] irá acontecer diariamente", garantiu a vice-primeira-ministra, adiantando que a operação prosseguirá até que toda a população saia da cidade.
Irina Vereshchuk apelou às pessoas para seguirem "as instruções da equipa local" do governo e para se dirigirem para os autocarros "de forma organizada", adiantando que um total de 21 autocarros e camiões com ajuda humanitária deixaram Zaporijia e estão a caminho de Mariupol.
Os russos cercaram há vários dias Mariupol, cidade costeira no mar de Azov que constitui um ponto-chave para os seus interesses estratégicos, já que, se a ocuparem, ligam as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk à Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.
Na segunda-feira, os russos exigiram a rendição da cidade, rejeitada pelo governo ucraniano. Iryna Vershchuk exigiu à Rússia a abertura de "um corredor humanitário, em vez de perder tempo com cartas de oito páginas".
Segundo Vereshchuk, até agora 45.000 pessoas conseguiram deixar a cidade, onde cerca de 350.000 cidadãos tentam sobreviver sem eletricidade, aquecimento, água ou assistência da Cruz Vermelha.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou, na segunda-feira, que a Rússia está a cometer em Mariupol "um crime de guerra em massa" e disse que o Presidente russo, Vladimir "Putin, merece a mais forte condenação do mundo civilizado".
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.
A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas. Além disso, o conflito provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas das suas casas, entre as quais mais de 3,5 milhões para os países vizinhos.
Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.