Negociações avançam, mas prevalecem muitos desacordos
O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, que tenta mediar entre a Rússia e a Ucrânia, declarou hoje que se registaram "avanços" nas negociações, apesar de as partes manterem diversos desacordos e estarem longe de alcançar um cessar-fogo.
"Existe ainda muito caminho para percorrer porque existem questões em debate, algumas delas fundamentais", disse o chefe do Governo israelita numa conferência organizada pelo jornal digital israelita Ynet.
Bennett assegurou que "se registaram recentemente grandes avanços entre as partes, apesar das brechas que ainda são muito grandes".
"Seguiremos juntamente com outros países, tentando pôr termo à guerra", acrescentou Bennett, um dos principais mediadores internacionais, que continua a manter contactos com o Presidente russo, Vladimir Putin, e o ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Segundo o diário Jerusalem Post, o primeiro-ministro israelita assegurou que, no âmbito dos avanços, a Rússia renunciou a depor Zelensky e a desmilitarizar a Ucrânia, enquanto as autoridades ucranianas se comprometeram a não aderirem à NATO.
As declarações de Bennett surgiram após um discurso no domingo perante o parlamento israelita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no qual comparou a invasão russa da Ucrânia com a II Guerra Mundial e o Holocausto e, em tom crítico, pediu um apoio mais firme do Estado judaico a Kiev.
Perante a associação da situação na Ucrânia com o Holocausto, Bennett disse considerar "pessoalmente" que o genocídio perpetrado pelos nazis "não deve ser comparado com nada", apesar de assegurar que entende o sofrimento da população ucraniana devido à guerra.
Zelensky insistiu que a invasão da Rússia à Ucrânia não é uma operação militar e acusou o exército russo "de estar a destruir maliciosamente a Ucrânia enquanto o mundo inteiro está a ver".
Exigiu ainda que Israel disponibilize vistos de entrada a milhares de refugiados ucranianos, quanto o Governo apenas permite até ao momento a entrada dos que possuem origem judaica ou com familiares do país.
Posteriormente, Zelensky também emitiu um vídeo em tom mais conciliador no qual agradeceu a iniciativa de Bennett para mediar entre Rússia e Ucrânia e aproximar posições entre as partes.
"Estamos agradecidos pelos seus esforços, mais tarde ou mais cedo começaremos a manter conversações com a Rússia, quem sabe se em Jerusalém", declarou numa referência à proposta que emitiu de promover as negociações de paz nesta cidade.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,48 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.