Ministro ucraniano diz que resistência de Mariupol está a salvar outras cidades
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, considerou hoje que a resistência de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, aos fortes bombardeamentos russos dos últimos dias está "a salvar" outras cidades da intensificação da ofensiva de Moscovo.
"Os heroicos defensores de Mariupol estão a desempenhar um papel muito importante para destruir os planos do inimigo e melhorar a nossa defesa", declarou o ministro, sustentando que graças à "coragem" dos habitantes daquela cidade foram "salvas dezenas de milhares de vidas em toda a Ucrânia".
"Hoje, Mariupol está a salvar Kiev, Dnipro e Odessa. O mundo inteiro deve entender isso", referiu Reznikov, num relatório de guerra publicado nas redes sociais.
Segundo o ministro ucraniano, desde o início da invasão, as tropas ucranianas abateram 100 aviões e 120 helicópteros, além de terem destruído 500 tanques e 1.500 veículos blindados.
Na sua mensagem, Oleksii Reznikov afirmou que os russos "não sonham já em capturar Kiev" e que estão a receber "golpes dolorosos" em Chernihiv, Sumi e Kharkiv.
A Ucrânia recusou-se a depor as armas na sitiada Mariupol, contrariando a exigência feita pela Rússia, que em troca se comprometia com a abertura de uma passagem segura para fora daquela cidade.
"Não se pode falar em rendição, deposição de armas. Já informámos o lado russo sobre isto", afirmou a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereshuchuk, em declarações ao canal ucraniano Pravda no domingo à noite, citadas pela agência Associated Press (AP).
A Rússia havia ordenado, no domingo, às forças ucranianas que abandonassem a cidade de Mariupol, cercada há semanas e em grande parte já destruída, até à manhã de segunda-feira. Em troca, as forças russas autorizariam dois corredores humanitários para saída da cidade.
A cidade sitiada de Mariupol, que tem sofrido episódios de bombardeamento pesado das forças russas, está sem alimentos, água e energia. Os relatos que saem da localidade são de uma extrema violência e destruição, com cadáveres espalhados pelas ruas.
Por outro lado, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, anunciou hoje a abertura de uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia em relação à transferência forçada de moradores de Mariupol.
Iryna Venediktova declarou, numa mensagem publicada na rede social Twitter, que sob o pretexto de evacuação da cidade, o exército russo está a transferir moradores para o território russo e retirando os seus passaportes.
O conselho municipal de Mariupol denunciou na noite de domingo, através da rede social Telegram, que alguns habitantes do distrito de Levoberezhny foram "deportados ilegalmente para território inimigo" e transportados para a Rússia ou para territórios ocupados por Moscovo.
Segundo a mesma fonte, "milhares" de moradores, na sua maioria mulheres e crianças, foram transferidos à força na última semana para "centros de triagem", onde são recolhidos telemóveis e os documentos dos adultos.
A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.