MNE e ministros da Defesa da UE ultimam "bússola" com guerra como pano de fundo
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia reúnem-se hoje em Bruxelas para ultimar a "bússola estratégica", o documento orientador da futura política de segurança dos 27, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo.
Este Conselho "Jumbo" - a designação dada às reuniões conjuntas de chefes de diplomacia e ministros da Defesa da UE -- tem lugar no início de uma semana particularmente movimentada em Bruxelas, com a celebração de uma cimeira extraordinária de líderes da NATO, na quinta-feira, e de um Conselho Europeu, na quinta e sexta-feira, que terá como convidado o Presidente norte-americano, Joe Biden, e durante o qual os chefes de Estado e de Governo da União deverão adotar a "bússola".
Os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE, entre os quais Augusto Santos Silva e João Gomes Cravinho, em representação de Portugal, reunir-se-ão em três formatos ao longo do dia de hoje, arrancando os trabalhos de manhã apenas ao nível dos chefes de diplomacia, após o que se seguirá, da parte da tarde, o Conselho "Jumbo", e, já ao início da noite, uma reunião de ministros da Defesa.
Enquanto a agressão militar russa à Ucrânia dominará, uma vez mais, as reuniões de chefes de diplomacia e de ministros da Defesa -- nesta última com a participação, por videoconferência, do ministro ucraniano da Defesa, Oleksii Reznikov -, o Conselho "Jumbo" será consagrado então à aprovação do documento que traça a nova política de segurança e defesa do bloco europeu para os próximos 10 anos, a ser formalmente adotado pelos líderes da UE no final da semana.
O mais recente esboço do documento, ao qual a Lusa teve acesso, incorpora já a agressão militar da Rússia à Ucrânia, e a necessidade de a UE dar "um salto quântico" em frente, num "ambiente de segurança mais hostil".
Reunidos numa cimeira informal em Versalhes, França, em 10 e 11 de março, os líderes europeus já concordaram em "aumentar substancialmente as despesas de defesa", com um reforço das capacidades e investimento em tecnologias inovadoras, uma necessidade enfatizada pela operação militar russa em curso na Ucrânia.
A "Declaração de Versalhes" aponta que "uma UE mais forte e mais capaz no domínio da segurança e defesa contribuirá positivamente para a segurança global e transatlântica e é complementar à NATO, que continua a ser a base da defesa coletiva dos seus membros" e indica que "a próxima 'Bússola Estratégica' fornecerá orientação para a ação em todas estas dimensões de segurança e defesa, a fim de tornar a União Europeia um fornecedor de segurança mais forte e mais capaz".