Cônsul grego compara Mariupol a Guernica ou Aleppo
O cônsul-geral da Grécia em Mariupol, que desembarcou ontem em Atenas, comparou a cidade ucraniana sitiada pelo exército russo a Guernica ou até Aleppo.
"Mariupol estará na lista de cidades do mundo que foram completamente destruídas pela guerra, como Guernica, Estalinegrado, Grozny, Aleppo...", afirmou Androulakis aos jornalistas à chegada ao aeroporto.
O cônsul grego, que organizou várias retiradas de cidadãos gregos de Mariupol, é considerado um herói no seu país, tendo deixado a cidade ucraniana na terça-feira.
"Tentámos salvar o maior número possível de expatriados", afirmou o diplomata, acrescentando: "Os heróis são as pessoas que ficaram lá e que tentarão reconstruir as suas vidas do nada".
O diplomata contou que "os civis foram atingidos indiscriminadamente", acrescentando que viu corpos estilhaçados.
Mariupol, uma cidade do sudeste da Ucrânia que tinha 450.000 habitantes antes da guerra, é alvo há várias semanas de violentos bombardeamentos pelas forças russas e aliados separatistas pró-russos.
O último relatório oficial ucraniano apontava para mais de 2.100 pessoas mortas nesta cidade desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Os sobreviventes escondem-se em caves e muitos morrem de fome, sede e frio.
No mês passado, Atenas anunciou que quase uma dúzia de membros da minoria grega, estabelecida no país desde o século XVIII e que rondavam as 100.000 pessoas, foram mortos desde o início da invasão russa.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.