A guerra dos preços
Para bem do país e dos seus habitantes, as únicas explosões que se dão por cá são as que rebentam no mercado de preços dos produtos essenciais e nas bombas de abastecimento de combustíveis. Já não falta muito para regressarmos ao tempo das fogueiras a lenha e ao carvão existente, pois o gás também nos evapora o salário, causa rombo com estrondo, e até derruba prédios e andares por descuido, má aplicação, ou mau uso num ou outro lar. O tempo não ajuda, o frio entra pelas frinchas de portas e janelas enquanto assobia pelo ar, e a gente que não é de veludo, tem que se aquecer e ter o estômago aconchegado. As casas são de gelo quase transparente embora a neve não se apresente para jantar ela senta-se à mesa sem manta pelas costas. Temos o país que temos e não é de esperar outro melhor com diferente governação das que temos tido desde os nossos avós que já partiram tesos. Entretanto, vão nos alimentando a esperança velha para aguentar "firmes e constantes" que não há mal que se não vença, com mais atitude, como se diz no futebol. Portanto a solução está na "atitude". O resultado há de aparecer nos ecrãs de tv logo por debaixo de imagens de paz e felicidade, repetidas ou a correr várias vezes, venham elas de onde vierem. O que é preciso é teimar, teimar, até esfumar se entre tanta explosão de preços nos mercados, grandes ou pequenos. Em qualquer deles temos é de puxar da carteira como se puxa um gatilho e pagar por tanto mal que nos fazem sem contrapartidas. Haja Deus e muita fé nos anjos que nos confortam e governam desde Belém, que os de Kiev estão longe mas servem de desculpa e enriquecem muitos com tais guerras especulativas. O povo é quem paga, embora lhe apeteça explodir por tanto sofrimento que lhe mete em casa ainda de pé e por enquanto, com um cheirinho de Energia que alimenta a lâmpada como vela tímida de baixo consumo e que ilumina alguma coisa. A carteira da salvação, essa mantém-se cada vez mais apagada e a orientar-se na quase escuridão.
Joaquim A. Moura