EUA questionam vontade russa de negociar fim da guerra
A embaixadora dos Estados Unidos (EUA) na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, questionou hoje a vontade do Governo russo de chegar a um acordo com a Ucrânia para cessar a invasão militar em território ucraniano.
"As negociações parecem ser unilaterais. Os russos não se posicionaram por nenhuma possibilidade de uma solução negociada e diplomática", afirmou Thomas-Greenfield, numa entrevista à estação televisiva CNN.
A representante dos EUA nas Nações Unidas disse que o seu país apoia as tentativas de Kiev de negociar para pôr fim ao conflito, mas reforçou que Moscovo não está a responder adequadamente, como também não o fez durante as conversas com Washington antes de iniciar a invasão.
Questionada sobre as cedências possíveis do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a embaixadora norte-americana disse que é algo que cabe aos ucranianos decidir e assegurou que os EUA apoiam os seus esforços, sem querer antecipar se a administração de Joe Biden estará disposta a, por exemplo, reconhecer a soberania russa sobre a Crimeia ou a independência das autoproclamadas repúblicas separatistas de Donbass.
"Não posso adiantar como responderemos a um acordo negociado que os ucranianos podem alcançar com os russos para salvar a vida do seu povo", declarou Thomas-Greenfield.
Por outro lado, a embaixadora dos EUA na ONU considerou muito preocupantes as denúncias sobre supostas deportações para a Rússia de civis da cidade ucraniana de Mariupol, cercada pelas forças de Moscovo, mas referiu que Washington não pode por enquanto confirmar essa situação.
"É inconcebível que a Rússia obrigue cidadãos ucranianos a entrar na Rússia e os coloque no que serão basicamente campos de concentração ou de prisioneiros. Isso é algo que precisamos verificar. A Rússia não deveria transferir cidadãos ucranianos contra a sua vontade para a Rússia", apontou a representante dos Estados Unidos.
A diplomata assegurou ainda que os EUA responderão "agressivamente" se a Rússia usar armas químicas na Ucrânia, uma preocupação manifestada pela NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], que alertou para a possibilidade de Moscovo montar uma operação de bandeira falsa depois de acusar Kiev de albergar este tipo de armamento no seu território.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.