Desporto

Victor Gomes vai cumprir sonho de arbitrar na Madeira entre CAN e Mundial2022

None

O árbitro lusodescendente Victor Gomes, que conduziu a final da Taça das Nações Africanas de futebol (CAN) e que poderá estar no Mundial2022, tem uma "ligação muito forte à Madeira", onde cumprirá o sonho de arbitrar um jogo.

"Tenho uma ligação muito forte com a Madeira, é a terra natal dos meus pais, a minha origem, daí o sonho de poder arbitrar uma partida em solo madeirense", começou por contar à agência Lusa Victor Gomes, nascido há 39 anos em Joanesburgo, a maior cidade da África do Sul.

A ilha que faz "parte" do seu "coração" foi deixada pelos pais, naturais de Santo António, há mais de 40 anos, e só o mais velho de quatro irmãos, nasceu na 'pérola do Atlântico', segundo o árbitro FIFA.

"Não vou à Madeira há três anos devido à covid-19. Costumávamos ir várias vezes, temos a nossa família, tanto do meu lado como da parte da minha mulher, por isso é recorrente visitar a ilha", frisou o luso-sul-africano.

A oportunidade de arbitrar um jogo em solo madeirense foi concedida pelo Marítimo e irá consumar-se na pré-temporada do conjunto 'verde rubro'.

"Por se tratar de um amigável, é claro que é mais aprazível dizer que arbitrei na Madeira. Se fosse um jogo oficial eu tinha de ter uma postura diferente, mais séria", destacou, referindo ainda que ficou "muito orgulhoso e contente por ter autorização para arbitrar na terra natal dos pais".

A resposta da Associação de Árbitros de Futebol da África do Sul (Referees Department of the South African Football Association) foi positiva, segundo o único emblema madeirense a disputar a I Liga portuguesa.

"Também queremos ver um filho de madeirenses naturais de Santo António, Victor Gomes, a arbitrar um jogo no chão sagrado do futebol madeirense", foram as palavras do representante da instituição, Abdul Basit Ebrahim, de acordo com o que foi publicado pelo Marítimo no seu sítio oficial na internet.

O percurso do árbitro, que, a título de curiosidade, tem tatuado no pescoço a expressão 'fair-play', começou ainda em tenra idade, de uma forma gradual, mas conta já com mais de 20 anos.

"Comecei com 12, 13 anos, quando jogava numa equipa de futebol portuguesa na África do Sul, chamada União. Nos treinos, pedia sempre ao meu treinador para arbitrar os jogos. Um dia, durante o Mundial de 1998, eu disse à federação que queria ser árbitro e, deste então, já se passaram mais de 20 anos", frisou.

Eleito o melhor árbitro de África, em novembro último, foi, igualmente, homenageado pelo ministro do Desporto, Artes e Cultura da África do Sul, nos Prémios Desportivos sul-africanos 2021 (South Africa Sports Awards 2021).

"É um orgulho ser reconhecido pelo ministro do Desporto, pelo nosso esforço, porque a arbitragem é um trabalho pouco reconhecido", afirmou o lusodescendente, escolhido para dirigir a final da última edição Taça das Nações Africanas (CAN), na qual que teve como vencedor o Senegal, após bater o Egito, de Carlos Queiroz, no desempate por grandes penalidades.

"Arbitrar a final da CAN foi o ponto mais alto da minha carreira até então. É o jogo mais importante que posso fazer em África", destacou, enfatizando que este tem sido um ano muito positivo na sua carreira, podendo ainda cumprir mais um sonho no final deste ano.

A presença no Mundial2022, no Qatar, que será disputado entre 21 de novembro e 18 de dezembro, é, segundo Victor Gomes, o "target" final tanto para jogadores, como para árbitros, uma vez que "todos querem chegar ao ponto mais alto, que é um Campeonato do Mundo".

O árbitro internacional admite que está ansioso e só vai acreditar quando colocar os pés no Qatar. No passado, já tinha sido pré-selecionado para o Mundial da Rússia2018, mas acabou por ficar de fora da lista final para a competição.

"A lista ainda não está finalizada. Sei que de África vão quatro ou cinco árbitros e, de momento, eu integro a lista, mas quando eu colocar os meus pés no Catar é que poderei dizer que estou lá. Daqui até essa altura ainda tenho muito trabalho para fazer", concluiu.