Activista reconhece aumento do ódio aos russos, mas não se compara ao sofrimento ucraniano
Pavel Elizarov, ativista russo em Portugal, reconheceu hoje que nos últimos dias se intensificou a discriminação contra a comunidade russa, mas disse que não se compara ao sofrimento dos ucranianos e apelou ao apoio à Ucrânia.
Nos últimos dias, houve relatos que alertavam para o aumento do 'bullying' contra a comunidade russa em Portugal, nas redes sociais e até nas escolas, com a embaixada da Rússia a instar os seus cidadãos a contactarem as autoridades portuguesas e o serviço consular em caso de ameaças à sua segurança.
Em declarações à agência Lusa, Pavel Elizarov, opositor Do Presidente russo, Vladimir Putin, a viver atualmente em Portugal, disse que esse tipo de discriminação era incomum no país, mas reconheceu que tem aumentado, em consequência da invasão russa à Ucrânia.
"Aumentou o nível de ódio e mais pessoas do que antes estão a ver os russos como inimigos da Europa", relatou, acrescentando que não se compara ao sofrimento vivido atualmente pelos ucranianos.
Apesar disso, Pavel Elizarov e outros ativistas russos mobilizaram-se hoje numa ação de apoio à Ucrânia na Praça de Luís de Camões, em Lisboa, que juntou cerca de 30 pessoas, muitas das quais cidadãos ucranianos, para sua surpresa.
O objetivo foi apelar ao apoio de três associações criadas por ucranianos em Portugal -- a associação "Lado a Lado", o Seminário Cristo Rei e a associação "Coração Bondoso -- que têm trabalhado na recolha e envio para a Ucrânia de bens de primeira necessidade, e transporte e acolhimento de refugiados.
Na ação que decorreu hoje ao final da tarde, Pavel Elizarov quis mostrar que, contrariamente ao que se vive na Ucrânia há já sete dias, russos e ucranianos estão juntos.
"Há uma semana que vivemos num pesadelo, em que o nosso país está a bombardear a Ucrânia, um país vizinho, um país que amamos, e as pessoas estão a morrer todos os dias. A nossa obrigação é apoiar a Ucrânia de todas as formas possíveis", sublinhou.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.