A Guerra Mundo

Índia e Japão apelam a "cessar imediato da violência" na Ucrânia

FOTO HARISH TYAGI/EPA
FOTO HARISH TYAGI/EPA

A Índia e o Japão apelaram hoje a um "cessar imediato da violência" na Ucrânia, durante a visita oficial do primeiro-ministro nipónico, Fumio Kishida, a Nova Deli, onde se reuniu com o homólogo indiano, Narendra Modi.

Os dois líderes "reiteraram o apelo ao cessar imediato da violência e assinalaram que não há outra opção senão o caminho do diálogo e da diplomacia para a resolução do conflito", lê-se num comunicado conjunto, citado pela agência EFE, divulgado após a reunião na capital indiana. Além disso, "expressaram séria preocupação com o conflito e a crise humanitária na Ucrânia", e, sem criticar diretamente a Rússia, "enfatizaram que a ordem global contemporânea foi construída sobre a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e o respeito pela soberania e integridade territorial dos Estados".

Ao contrário dos restantes membros da aliança 'Quad' - Japão, Austrália e Estados Unidos - a Índia absteve-se na votação de três resoluções na ONU de condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia, limitando-se a pedir o fim da violência. A Índia, que mantém laços estreitos com a Rússia desde a Guerra Fria, continua a comprar petróleo russo, a preços reduzidos, segundo a imprensa.

O primeiro-ministro japonês prossegue a sua deslocação ao exterior com uma paragem no Camboja. Antes da sua visita, a primeira à Índia de um primeiro-ministro japonês desde 2017, um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros nipónico disse que Tóquio estava "consciente" dos laços históricos entre Nova Deli e Moscovo e a situação geográfica da Índia. "Mas, ao mesmo tempo, partilhamos valores fundamentais e interesses estratégicos. Então, naturalmente, haverá discussões francas sobre como vemos a situação na Ucrânia [...]", disse o responsável à imprensa, a coberto do anonimato.

No início de março, Kishida, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, não conseguiram convencer o chefe do Governo indiano a adotar uma postura mais dura relativamente à Rússia. Numa declaração conjunta, o Quadrilateral Security Dialogue, geralmente conhecido por 'Quad', divulgou que os seus líderes "discutiram o conflito e a atual crise humanitária na Ucrânia e avaliaram suas consequências mais amplas", sem condenar a Rússia. Segundo um relato dos serviços de Narendra Modi, este "sublinhou que o 'Quad' deve manter-se focado no seu objetivo principal, que é promover a paz, a estabilidade e a prosperidade na região do Indo-Pacífico". A Rússia é o maior fornecedor de armas da Índia, que também precisa do apoio do 'Quad' face à crescente influência da China na região.

As tensões entre Nova Deli e Pequim estão no seu ponto mais alto desde os confrontos em 2020 sobre a fronteira disputada nos Himalaias, que provocou pelo menos 20 soldados indianos mortos e quatro do lado chinês. Os dois países reforçaram os seus dispositivos militares - para a Índia, em grande parte com equipamentos russos - e enviaram milhares de soldados adicionais para a zona. Em relação à China, uma fonte de preocupação para o 'Quad', Modi e Kishida "reafirmaram a sua visão comum de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta, livre de qualquer coerção", e na declaração conjunta pediram também "um retorno ao caminho da democracia" em Myanmar (antiga Birmânia) e condenaram "os desestabilizadores disparos de mísseis balísticos" pela Coreia do Norte.