Autoridades Talibã libertam três profissionais de estação de televisão
As autoridades talibãs libertaram três trabalhadores da estação afegã de televisão TOLO, detidos após a proibição de transmissão de vários conteúdos, na sequência das "crescentes restrições" aplicadas aos meios de comunicação social, foi hoje divulgado.
Bahram Aman, apresentador da estação, foi libertado hoje, sendo que o diretor da TOLO News, Jauluak Sapai, e o apresentador de um programa com conteúdo religioso Abdulá Nafe foram libertados na sexta-feira, poucas horas após a detenção, segundo noticiou a agência espanhola Europa Press.
Numa primeira reação após a libertação, Sapai explicou que, "como meio de comunicação, a TOLO News não quer desobedecer ao governo, mas sim difundir notícias à população", constituindo-se "como uma ponte entre o Governo e o população".
"O nosso trabalho é informar a população. Por isso, sugerimos sempre que qualquer assunto relacionado com os meios de comunicação social ou com TOLO news fosse comunicado através do Ministério da Informação e Cultura", frisou Sapai.
Na sexta-feira, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) expressou sua "profunda preocupação" com "informações confiáveis" sobre "novas prisões arbitrárias de jornalistas da TV Tolo pelo Talibã".
"As Nações Unidas pedem a libertação de todos os detidos por homens armados e o fim da intimidação e ameaças contra jornalistas e meios de comunicação independentes", apelou a organização através do Twitter.
Na mesma publicação a UNAMA sublinhou ser chegada a "hora de os Talibã pararem de silenciar e banir".
"É hora de um diálogo construtivo com a comunicação social afegã", destacou aquela organização.
Após 20 anos de guerra, os talibãs regressaram ao poder, em agosto passado, após a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão.
Desde então, a incerteza política foi acompanhada por uma terrível crise económica e financeira que ameaça provocar a fome em mais da metade da população.
Antes de abandonar o Afeganistão, em 31 de agosto, os Estados Unidos organizaram a retirada de mais de 120.000 pessoas por transporte aéreo, incluindo a maioria dos afegãos considerados vulneráveis por terem trabalhado ao lado das forças norte-americanas, correndo o risco de represálias.