Bispo francês assina acordo para agilizar denúncias de abusos sexuais
O bispo e o procurador de Versalhes, perto de Paris, assinaram ontem um protocolo para facilitar a transmissão à justiça de denúncias, recebidas pela diocese, de abusos sexuais cometidos dentro da Igreja Católica francesa.
O relatório "Sauvé", que revelou em outubro de 2021 a extensão do crime infantil na Igreja francesa, recomendou a "generalização" destes protocolos, que já foram assinados em cerca de vinte das 98 dioceses francesas.
As conclusões do relatório provocaram uma onda de choque no país, ao estimar que 330.000 pessoas foram vítimas de abusos sexuais desde 1950, quando eram menores, perpetrados por membros do clero, religiosos ou pessoas com algum tipo de ligação à Igreja.
Um grupo de trabalho do parlamento francês que examinou o relatório considerou pertinente tornar obrigatórios estes protocolos que exigem às dioceses a transmissão de denúncias, e um envolvimento dos procuradores para agilizar as investigações o mais rápido possível.
"Comparando com uma época em que, na Igreja, essas questões eram realmente, às vezes, deixadas debaixo do tapete, (...) hoje procuramos estar na luz, na transparência, na justiça", declarou, durante a assinatura, Luc Crepy, bispo de Versalhes e também presidente, há seis anos, do conselho para a prevenção do combate ao crime de abusos sexuais na Igreja Católica.
Estes protocolos não alteram concretamente o procedimento legal, segundo o procurador, mas permitirão, no entanto, que a justiça "rastreie mais" esses arquivos sensíveis de denúncias.
A Igreja Católica tem sido abalada há anos por escândalos de pedofilia em todo o mundo, e regularmente acusada de fechar os olhos e ignorar as vítimas.