A Guerra Mundo

UE estuda fundo de solidariedade para dar liquidez a curto e longo prazo a Kiev

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Foto EPA/STEPHANIE LECOCQ

A União Europeia (UE) admite criar um fundo de solidariedade para a Ucrânia, que permitirá dar liquidez a curto prazo para cobrir as necessidades básicas causadas pela invasão russa e a longo prazo para reconstruir a economia ucraniana pós-guerra.

Esta possibilidade foi discutida hoje entre o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, embora o organismo europeu ainda não tenha definido quem contribuiria para o fundo ou quanto dinheiro este podia ter no total.

Volodymyr Zelensky transmitiu ao antigo primeiro-ministro belga a necessidade do seu governo aceder a liquidez internacional "para financiar as importações de produtos de primeira necessidades e equipamento militar", de acordo com fontes europeias, citadas pela agência EFE.

"Apoio a criação de um fundo de solidariedade para a Ucrânia, para ajudar a fornecer serviços básicos e atender às necessidades imediatas dos cidadãos", salientou Charles Michel na sua conta na rede social Twitter.

O líder do Conselho Europeu sublinhou que este fundo poderia, a longo prazo, servir como um pilar para reconstruir "uma Ucrânia livre e democrática, assim que as hostilidades cessarem".

As mesmas fontes europeias realçaram que os detalhes específicos do fundo, como e com quem será criado, devem ser acertados em negociações, embora tenham sugerido que o fundo, que "fortaleceria a soberania nacional da Ucrânia em questões financeiras", poderia ser alimentado por contribuições, através de uma conferência internacional de doadores.

Desde o início da invasão russa que a Ucrânia não consegue emitir títulos no mercado financeiro internacional para cobrir as suas necessidades e sofreu com a retirada do investimento privado, lembraram estas fontes.

Desta forma, o fundo forneceria liquidez a curto prazo, para o funcionamento contínuo do governo, esforços contínuos de defesa e prestação de serviços básicos, como habitação, alimentação ou saúde.

A longo prazo, o fundo apoiaria os "investimentos maciços necessário reconstruir a economia", em termos de infraestruturas, redes ou empresas, "com vista a ancorar-se economicamente no Ocidente".

Na conversa de hoje, Michel informou também Zelensky sobre o seu contacto telefónico com o Presidente russo, Vladimir Putin, no início desta semana.

Ambos discutiram os últimos acontecimentos na Ucrânia, as negociações com a Rússia e a ajuda política, financeira, humanitária e de material por parte da UE a Kiev, tema que voltará a estar presente na cimeira dos líderes europeus na próxima semana.

A Comissão Europeia despendeu hoje mais 289 milhões de euros em ajuda macrofinanceira de emergência à Ucrânia e adotou uma subvenção de 120 milhões de euros para este país, como apoio orçamental sob a forma de um contrato de reforço do Estado.

Bruxelas salientou que o programa de assistência macrofinanceira de emergência "contribuirá significativamente para melhorar a estabilidade macroeconómica da Ucrânia no contexto da invasão não provocada e injustificada da Rússia".

A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, também informou hoje Zelensky por telefone sobre esta ajuda e transmitiu ao ucraniano que "o caminho europeu da Ucrânia já começou e momentos como estes exigem visão, firmeza e resistência para dar um passo difícil depois de outro".

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 816 mortos e 1.333 feridos entre a população civil, incluindo mais de 130 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,2 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.