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Cardeal acusado de fraude no Vaticano repudia "massacre mediático"

Foto Vatican Media
Foto Vatican Media

O cardeal Angelo Becciu, primeiro religioso de elevado estatuto a comparecer perante um tribunal no Vaticano, disse quinta-feira estar inocente das acusações de fraude financeira, e vítima de um "massacre mediático".

"Nunca quis nem um euro para mim, nem um cêntimo foi desviado, que eu tenha conhecimento, mal empregue ou para fins que não fossem os exclusivamente institucionais", declarou, diante dos juízes, o cardeal italiano de 73 anos, ex-conselheiro próximo do Papa Francisco.

Becciu foi demitido das suas funções e foram-lhe retirados os privilégios de cardeal em setembro de 2020.

Dizendo-se vítima de um "massacre mediático", e de uma "campanha violenta" visando a sua "destruição", rejeitou as "acusações absurdas, inacreditáveis, monstruosas" que o apresentam como um "homem corrupto, ávido de dinheiro e desleal ao Papa".

"Agi sempre para o bem da Santa Sé e de toda a Igreja", acrescentou, exprimindo a sua versão do caso pela primeira vez, desde que o processo começou, em julho de 2021, e no qual estão envolvidas dez pessoas por fraude, desvio de fundos, abuso de poder, branqueamento, corrupção e extorsão, trazidas perante o tribunal penal do mais pequeno Estado do mundo.

No centro do processo está a compra de um imóvel de prestígio, em Sloane Square, um bairro chique de Londres, com 17.000 metros quadrados, no quadro das atividades de investimento da Santa Sé, cujo património é considerável.

Nas últimas semanas, o caso embrulhou-se em questões processuais, o que levantou dúvidas sobre a eficácia das instituições do Vaticano.

O processo envolve ainda o financiamento, por 125.000 euros, de uma cooperativa criada pelo irmão de Angelo Becciu, para atividades possivelmente não caritativas, acusação que o cardeal rejeita categoricamente.