Eslováquia estabelece condições para ceder mísseis antiaéreos S-300 a Kiev
A Eslováquia está disponível para fornecer à Ucrânia os seus sistemas de defesa antiaérea S-300, mas estabeleceu como condição receber outro em substituição, para evitar colocar em risco a segurança da NATO, referiu hoje fonte do governo eslovaco.
"Discutimos com os Estados Unidos, com a Ucrânia e também com outros aliados sobre a possibilidade de enviar todos os nossos sistemas S-300 para os ucranianos", referiu o ministro eslovaco da Defesa, Jaroslav Nad.
"Estamos prontos para fazer isso imediatamente, quando tivermos uma alternativa adequada", acrescentou, numa conferência de imprensa conjunta com o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, que está de visita a Bratislava.
O ministro eslovaco lembrou que entregar o "único sistema estratégico de defesa aérea" que o país tem criaria "um vazio de segurança dentro da NATO".
No entanto, "se houver uma situação em que tenhamos um substituto adequado ou tenhamos uma capacidade [de defesa] garantida por um período de tempo, estaremos dispostos a discutir o futuro dos sistemas S-300", sublinhou.
Já o secretário de Defesa dos Estados Unidos confirmou as conversações relativas a este tema, embora tenha referido que não tinha nenhum anúncio para fazer.
"Estas são situação que continuaremos a trabalhar com todos os nossos aliados e certamente não é apenas um problema norte-americano. É um problema da NATO", frisou Lloyd Austin.
Também hoje, Jaroslav Nad reconheceu que a Eslováquia ainda depende da Rússia para a manutenção dos S-300.
"Questiono-me como devemos mantê-los, modernizá-los, fornecer peças de reposição quando o país que pode fazer isso é o agressor e qualquer cooperação com este país é impossível", realçou o ministro da Defesa.
"A Eslováquia deve-se livrar dessa dependência da Rússia o mais rápido possível", acrescentou.
Os mísseis terra-ar S-300 são considerados um sistema eficaz para proteger locais estratégicos contra bombardeamentos aéreos, utilizando mísseis de longo alcance que são capazes de voar centenas de quilómetros e travar mísseis de cruzeiro, bem como aviões de guerra.
Estes sistemas de defesa antiaérea da era soviética, que são detidos por três países da NATO -- Eslováquia, Grécia e Bulgária, podem ser valiosos para impedir ataques aéreos russos a cidades e outros alvos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, referiu-se na quarta-feira aos S-300 quando falou hoje perante o Congresso norte-americano.
Zelenskyy pediu estes sistemas antiaéreos que permitiriam à Ucrânia "fechar os céus" aos aviões de guerra e mísseis russos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.