Moldova vai receber guardas de fronteira da UE para registar refugiados
A União Europeia (UE) assinou hoje um acordo com a Moldova, de aplicação imediata, que permite aos agentes da agência Frontex ajudarem os guardas de fronteira do país, sobrecarregado pelo fluxo de refugiados oriundos da Ucrânia.
Mais de 300.000 pessoas fugiram da invasão da Ucrânia perpetrada pela Rússia para procurar refúgio na vizinha Moldova, país que não é membro da UE.
"A Moldova tem dificuldade em proteger as suas próprias fronteiras com a Ucrânia, não pode fazer o registo" dos refugiados, explicou a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, aos eurodeputados.
A presença da Frontex, agência europeia de guarda de fronteira e de guarda costeira, deverá também permitir lutar contra o tráfico de crianças e de mulheres, cujo risco é muito elevado, alertou a comissária.
No quadro de uma plataforma coordenada por Bruxelas, seis Estados membros da UE organizaram-se para acolher 11.500 refugiados ucranianos que passaram pela Moldova, precisou.
O acordo assinado hoje permite a deslocação de equipas da Frontex para ajudar no registo e controle das pessoas que fogem da Ucrânia, sob a direção das autoridades moldavas.
Este tipo de acordo com um país terceiro demora normalmente seis meses a tornar-se efetivo, mas neste caso terá efeitos dentro de uma semana, congratulou-se a comissária.
Atualmente, 18 agentes da Frontex estão na Moldávia, ainda não operacionais, mas o acordo vai permitir o seu reforço.
Nos países membros da UE, 205 agentes da Frontex estão deslocados na Roménia, 20 na Polónia e 14 na Eslováquia, segundo a Comissão Europeia.
A Europol, agência europeia de luta contra a criminalidade, está presente na Polónia e na Eslováquia, e vai levar a cabo missões na Moldova, bem como na Roménia e na Hungria.
Na quarta-feira, a Presidente da Moldova, Maia Sandu, disse que permanecem 100.000 refugiados ucranianos naquele país, que tem cerca de 2,6 milhões de habitantes, e apelou à ajuda da UE para enfrentar esta vaga sem precedentes e solucionar este "drama humano".
A Moldova, que faz fronteira com a Ucrânia e com a Roménia, é o país mais pobre do continente europeu e é também o país que mais refugiados recebeu nas últimas semanas em proporção com a população residente.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de 5,2 milhões de pessoas, mais de 3,1 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 22.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos entre a população civil, incluindo várias dezenas de crianças.