A Guerra País

Bispo de Leiria pede a católicos que ajuda a refugiados seja concertada

Bispo madeirense afirmou que "a esperança da fé é aquela que dá força tantas vezes às pessoas"

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Foto Agência ECCLESIA

O bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, defendeu hoje que a ajuda das instituições da Igreja portuguesa aos refugiados ucranianos deve ser concertada com serviços como a Cáritas e a Plataforma de Apoio aos Refugiados.

Desaconselhando que esse apoio seja feito de forma desgarrada, José Ornelas, na primeira conferência de imprensa como bispo de Leiria-Fátima, sublinhou ser necessário que as pessoas que vêm da Ucrânia fugidas da guerra "tenham assistência médica, tenham legalização, tenham escola".

Valorizando, no entanto, toda a boa vontade manifestada em muitas paróquias do país e por muitas pessoas individualmente, o prelado disse que as operações têm de ser integradas, porque depois, "estas pessoas [refugiados] chegam e vão precisar de aprender a língua", por exemplo.

"O Estado criou estruturas fundamentais e leis de enquadramento", acrescentou, frisando que a preocupação da hierarquia da Igreja foi dizer aos católicos que "vejam quem e como é que podem colaborar, mas colaborem organizadamente com as instituições".

Na ocasião, José Ornelas abordou também a consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, no dia 25 de março, numa cerimónia na Basílica de São Pedro, pelo Papa Francisco, e em Fátima pelo Legado Pontifício cardeal Konrad Krajewski, na Capelinha das Aparições.

"Queremos que isto tenha a maior abrangência a nível da Igreja em todo o mundo, para consciencializar o mundo para este conflito particularmente grave, porque põe diretamente em risco de conflito duas potências, não só pela enormidade do seu material militar, mas também pela capacidade bélica que tem sido mencionada".

"Portanto, este conflito coloca aqui um risco muito maior para toda a humanidade e não simplesmente para o contexto europeu", disse José Ornelas.

Recordando que Fátima remete para "1917, a Revolução Russa, durante a Primeira Guerra Mundial, durante uma pandemia", o novo bispo de Leiria-Fátima frisou que "estas coisas [conflito atual e pandemia de covid-19] não são repetições", mas levam a "evocações históricas que marcam também o contexto de Fátima e o que ela significa na igreja e no mundo, não simplesmente em Portugal. E esta ligação à necessidade de paz, em ligação com a área geográfica [onde ocorre o conflito] é neste momento muito importante.

"É muito interessante que o Papa junte a Rússia e a Ucrânia, num apelo a encontrar caminhos de reconciliação, de convivência e de dignidade para todos", disse o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, destacando que "o Papa tem sido também muito claro em acentuar o caráter intolerável para qualquer ser humano daquilo que está a acontecer".

"Isto vai em retrocesso [em relação a] tudo aquilo que a humanidade tem procurado desenvolver, particularmente no contexto europeu, de alterar o trauma das duas grandes guerras mundiais que tiveram o continente europeu como centro", sublinhou.

O ex-bispo de Setúbal afirmou, ainda, que "os católicos e os ortodoxos têm na figura de Maria um ponto de encontro muito importante", pelo que "é importante" o encontro "a este nível para buscar a paz".

Também a visita da Imagem Peregrina de Fátima à Ucrânia, onde chegou hoje, é a nível simbólico "muito importante", servindo, desde logo, de "consolação e sinal de esperança para as pessoas que sofrem e que são as principais vítimas destes conflitos".

"A esperança da fé é aquela que dá força tantas vezes às pessoas", assentou José Ornelas.