Biden autoriza aumento da exportação de gás natural liquefeito dos EUA para a Europa
O governo dos Estados Unidos, liderado por Joe Biden, autorizou a exportação de mais gás natural liquefeito para a Europa e outros países aliados, divulgou na quarta-feira o Departamento de Energia norte-americano.
Este gás natural será exportado de dois dos maiores terminais dos Estados Unidos, ambos da empresa de energia Cheniere Energy, localizados em Sabine Pass (Louisiana) e Corpus Christi (Texas), detalhou a mesma fonte, citada pela agência EFE.
A União Europeia tem vindo a trabalhar em coordenação com os Estados Unidos para encontrar outras formas de fornecimento de energia e reduzir a sua dependência da Rússia, desde o início da invasão russa da Ucrânia.
A autorização dada pela administração de Joe Biden relaxa os regulamentos atuais e permite que os dois terminais exportem cerca de 20,4 milhões de metros cúbicos de gás liquefeito todos os dias.
Este gás será destinado a países com os quais os Estados Unidos não possuem acordo de livre comércio, já que estes tratados costumam estabelecer padrões para importação e exportação de energia.
Como os países da Europa não têm este tipo de acordo com os Estados Unidos, estes podem aceder ao gás liquefeito, destacou o Departamento de Energia.
Além destas medidas, todos os terminais têm permissão do governo norte-americano para operar em capacidade máxima e exportar todo o gás liquefeito de que dispõem.
Atualmente, os Estados Unidos lideram a produção de gás natural liquefeito, que é processado a frio para que possa ser transportado como líquido em tanques através do oceano, em vez de usar gasodutos por terra.
A produção de gás nos Estados Unidos cresceu depois do fraturamento hidráulico e outras formas de extração começarem a ser usadas, em 2005, explica a Agência de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA) no seu 'site'.
O Departamento de Energia acredita que a produção dos EUA crescerá 20% acima dos níveis atuais até ao final do ano, à medida que a produção de gás aumente.
Metade do gás liquefeito que a União Europeia e o Reino Unido consomem já vinha dos Estados Unidos em janeiro de 2022, enquanto o restante era originário principalmente do Qatar e da Rússia, segundo a EIA.
A consultora Fitch Solutions considerou esta quarta-feira que a África subsaariana, nomeadamente a Nigéria e Moçambique, estão bem posicionados para beneficiarem do aumento da procura de gás, na sequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
De acordo com a nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, "os novos projetos de gás natural liquefeito em Moçambique e na Nigéria vão liderar o crescimento da produção na África subsaariana, com muitos acordos de longo prazo a já estarem assinados com compradores fora da Europa, principalmente na Ásia.
Esta terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE "só estará segura" quando deixar de estar dependente do gás russo.
Há uma semana, a Comissão Europeia propôs a eliminação progressiva da dependência de combustíveis fósseis da Rússia antes de 2030, com aposta no GNL e nas energias renováveis, estimando reduzir, até final do ano, dois terços de importações de gás russo.
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.