Certo e errado
Certo e errado são conceitos relativamente absolutos. Mude-se o tempo, mude-se o espaço, mude-se a circunstância e o que outrora se configurava certo torna-se errado e vice-versa. Estar certo no tempo errado pode ser trágico, que o diga Galileu. Estar errado no espaço certo pode ser heróico, que o diga Pedro Álvares Cabral.
A informação é um activo multiforme servido pelo produtor que estuda o seu cliente. Devidamente trabalhada eleva-se acima do certo e do errado, consegue transformar vilões em heróis e fracassos em sucessos, por exemplo. Há as verdades inconvenientes que por estarem certas estão assim igualmente erradas, os dados descontextualizados que apesar de verdadeiros falseiam a realidade, as omissões cirúrgicas que enfatizam a informação filtrada pelos esquecidos de ocasião.
Estar certo pode ser tão perigoso como estar errado. E do mesmo modo estar do lado errado pode ser mais vantajoso do que permanecer convictamente certo. Por tudo isto não é estranho constatar o alheamento militante que adoptamos em muitas situações mundanas, o activismo cómodo que assumimos nalgumas ocasiões ou a luta visceral em circunstâncias extremas. Queremos todos estar do lado certo da história, ficar bem na fotografia. Mas aprendemos alguma coisa com isso? Vamos todos acreditar que sim.