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As falsas notícias e os perfis falsos

Quem sabe produzir uma imagem/“movie”, sabe produzir um cento

Há algum tempo atrás, numa das minhas visitas ao Facebook, vi um filmezito, isto é, um “movie”, em que uma criança, circulava, com dificuldade, à beira dum abismo, agarrada a uma varanda. Sinceramente, até me arrepiei e questionei porque é que o “energúmeno” do “camera man” não ia em socorro, antes que ocorresse uma desgraça.

O final do “movie” decomponha a situação. Era verdade que a criança circulava com dificuldade, agarrada à varanda. No entanto, a caminhada era feita à beira duma estrada e não dum abismo. Só que o autor/artista tinha substituído a estrada por dois novos cenários: um era constituído por uma alta e grande muralha, que insinuava e bem o perigo eminente que me fez arrepiar. No fundo da muralha, uma barragem jorrava um enorme caudal de água. Enfim, se o miúdo se salvasse na queda, acabaria afogado nessa imensidão de água que corria ao fundo da muralha.

A emoção foi-se com uma chamada à razão. Nem tudo o que luz é ouro. Nem tudo o que as redes sociais “vendem” é realidade pura. Será uma realidade virtual, apenas.

Já conheço os perfis falsos, onde “vendedores” procuram singrar, revelando a sua especial qualidade de “vender”, para poder depois servir-se dos mais incautos ou lamber o ego de alguém. E, sobretudo em períodos eleitorais, é ver a proliferação de “notícias” que atribuem bondade a uns e perfídias e maldades a outros. Até a mesma notícia publicitada, denegrindo ou valorizando um sujeito A, depois é utilizada para denegrir ou valorizar o seu adversário. Quem sabe produzir uma imagem/“movie”, sabe produzir um cento. Já dizia o povo, antes das redes sociais: quem faz um cesto, faz um cento!

Desde os inícios de 2020 que as notícias de abertura de telejornais e notícias de primeiras páginas dos jornais têm sido as relacionadas com o COVD-19. Desde Fevereiro deste ano, como, jocosamente, se vem afirmando, Putin acabou com a pandemia.

Nestes momentos de factos que, facilmente, colocam os sentimentos à flor da pele, também é preciso ter o discernimento de dissecar os “apelos” dos “amigos” dum lado ou do outro da barricada. Na verdade, há-os que aproveitam a aflição duns e a solidariedade de outros, para tráfico humano e enriquecimento ilícito. Por isso, é sempre bom confirmar quem beneficia da solidariedade, se os aflitos ou os oportunistas criminosos.

A nobre solidariedade torna-se numa cumplicidade criminosa, ao embarcar, de coração nas mãos, numa ajuda solicitada, num qualquer post, como sendo uma “notícia” (informação sobre facto ocorrido), suportada por uma foto ou “movie”, que, saberá Deus, quem, onde e quando a terá obtido ou produzido.

Tudo à distância dum click!