Kiev e Moscovo elaboram esboço com 15 pontos para um acordo de paz
A Ucrânia e a Rússia terão alcançado avanços para um acordo de paz de 15 pontos, que contempla um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas se Kiev se comprometer com a neutralidade, avançou hoje o Financial Times.
A notícia avançada pelo diário britânico cita três fontes implicadas nas negociações em curso entre Kiev e Moscovo.
O jornal, citado pelas agências internacionais, refere que as missões dos dois países abordaram na segunda-feira este projeto de acordo.
De acordo com o Financial Times, o Kremlin exige o compromisso de neutralidade da Ucrânia e a renúncia à pretensão de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Moscovo também impõe a Kiev que rejeite instalações militares de outros países em território ucraniano com a finalidade de receber proteção de países, como, por exemplo, os Estados Unidos da América (EUA) ou a Turquia, que são Estados-membros da NATO.
O mesmo plano de 15 pontos prevê a manutenção das Forças Armadas ucranianas, mas à margem de alianças militares com outros países.
O respeito por estas exigências é colocado como condição para um cessar-fogo imediato e a retirada dos militares da Rússia dos territórios que estão ocupados.
Já a Ucrânia reivindica um modelo de neutralidade próprio e diferente dos existentes na Suécia e na Áustria, e abre a porta ao fim da intenção de pertencer à NATO.
Kiev também tem de concordar com a proteção da língua russa na Ucrânia, que ainda é utilizada em grandes porções do país, apesar de o ucraniano ser considerado a única língua oficial.
O Financial Times diz que os negociadores ucranianos também concordaram com uma discussão em separado sobre o estatuto da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e dos territórios no Donbass (leste da Ucrânia).
Na rede social Twitter, Mykhailo Podolyak, conselheiro do chefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, referiu que o esboço sobre o qual o Financial Times escreveu apenas contempla as exigências do lado de Moscovo.
"O lado ucraniano tem as suas próprias posições. A única coisa que podemos confirmar nesta altura é um cessar-fogo, a retirada das tropas russas e as garantias de segurança de vários países", acrescentou.
A Rússia iniciou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar que já causou pelo menos 726 mortos e mais de 1.170 feridos, incluindo dezenas de crianças, e provocou a fuga de 4,8 milhões de pessoas, três milhões para os países vizinhos, de acordo com o último balanço feito pelas Nações Unidas.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e fortes sanções político-económicas a Moscovo.