Bielorrússia diz que está a fornecer energia à central de Chernobyl
O fornecimento de energia para Chernobyl foi totalmente restaurado e a central nuclear está a ser abastecida pela Bielorrússia, disseram hoje as autoridades da região bielorrussa de Gomel, citando o Ministério da Energia da Bielorrússia.
"O fornecimento de energia para a central nuclear de Chernobyl foi completamente restabelecido", disse o ministério bielorrusso num comunicado que foi divulgado no canal da região de Gomel no serviço de mensagens Telegram.
"Atualmente, o fornecimento de energia à infraestrutura da central é assegurado pelos sistemas elétricos da Bielorrússia", adiantou a fonte, especificando que o nível de radiação no local estava hoje "estável".
O fornecimento de energia para a central nuclear, localizada na Ucrânia junto à fronteira com a Bielorrússia e que está sob domínio russo, foi cortada pela primeira vez na semana passada e restaurada no domingo.
Entretanto, na segunda-feira, o distribuidor de energia ucraniano Ukrenergo acusou o exército russo de ter novamente cortado o fornecimento de energia para a central ao danificar uma linha de alta tensão que abastece o local.
Na noite de segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), numa mensagem publicada na rede social Twitter, declarou ter sido informada pela Ucrânia que "o fornecimento de energia externo" tinha sido "restaurado", antes das linhas serem novamente danificadas "pelas forças de ocupação".
"A equipa retomou as operações para restabelecer a central à rede elétrica", disse a AIEA.
O reator número 4 da central de Chernobyl explodiu em 1986, causando o pior desastre nuclear civil da história. Está coberto por uma estrutura dupla, uma construída pelos soviéticos e agora danificada, e outra, mais moderna, instalada em 2019.
Os outros três reatores da central nuclear foram gradualmente desligados após o desastre, o último em 2000.
No entanto, ainda é necessário um sistema movido a eletricidade para arrefecer os 20.000 conjuntos de combustível (resíduos radioativos) armazenados na piscina da central nuclear.
Em 09 de março, a AIEA considerou que dado o tempo decorrido desde o acidente de 1986, "a carga térmica da piscina e o volume da água de refrigeração" eram "suficientes para garantir uma retirada eficiente do calor sem eletricidade".
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou pelo menos 691 civis e feriu mais de 1.140, incluindo algumas dezenas de crianças, além de provocar a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, três milhões das quais para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.