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Criar (o) futuro

E por falar de História, foi no dia 8 de março de 1917 que 90 mil mulheres operárias russas se manifestaram

Dia 8 de março, comemorou-se o Dia Internacional da Mulher.

Neste ano de 2022, em que continuamos a viver tempos únicos e muito desafiantes, em variados contextos e latitudes, e num dia que é mais uma oportunidade para refletirmos sobre o papel da mulher na sociedade, não podendo nomear uma a uma as corajosas mulheres da Ucrânia, quero destacar uma mulher, Olena Zelenska, mulher do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que tem lutado, entre outras causas sociais, pela igualdade de género. Destaco o seu contributo para incluir a Ucrânia na parceria de Biarritz, uma iniciativa internacional do G7 que tem como objetivo promover a igualdade de género.

As presentes circunstâncias em termos do conflito Rússia/Ucrânia, que não deixa de ter efeito muito mais abrangente que o espaço geográfico onde decorrem os ataques, faz com que qualquer dia marcado como Dia Internacional, como é o da Mulher, sirva para despertar consciências e alterar comportamentos. Para que se atinja uma sociedade mais forte, mais equitativa e um mundo em que impere a paz.

É, igualmente, um dia para honrar a coragem e determinação das mulheres que ajudaram e continuam a ajudar a redefinir a História.

E por falar de História, foi no dia 8 de março de 1917 que 90 mil mulheres operárias russas se manifestaram, entre outras reivindicações, contra a participação russa na Primeira Guerra Mundial. Que bom seria haver novamente uma grande manifestação na Rússia contra a guerra na Ucrânia. Utópico talvez, face ao desenrolar dos acontecimentos atuais, mas as mulheres já provaram que são uma grande força motriz e mobilizadora de mudanças.

A mudança, no sentido de mais afirmação e empoderamento das mulheres, não pode ser descurada em nenhum período da nossa História presente e futura. Pois as mulheres, nas mais variadas áreas e desempenhando os seus múltiplos papéis na sociedade, dão um contributo imprescindível para construir o presente e tornarem-se garantia do futuro. Há ainda muito caminho a percorrer, mas é preciso combater ideias ultrapassadas sobre o papel e importância da mulher em todos os contextos e áreas de atuação.

E criar o futuro passa também por defender e promover um discurso mais humano, digno, adotando uma linguagem não discriminatória, inclusiva e construtiva no dia a dia.

Há que colocar a ênfase na prossecução de valores humanistas e de cidadania, numa estratégia de desenvolvimento assente na igualdade de oportunidades, numa vivência onde as diferenças coexistem e são respeitadas e na erradicação das barreiras étnicas, raciais, de género, de idade, de orientação sexual ou de qualquer outra discriminação.

Porque o futuro de esperança e paz que todos almejamos, conjuga-se também no feminino. Saúdo todas as mulheres, desejando que sejam valorizadas e respeitadas todos os dias.

E porque a atualidade está pendente da evolução do conflito na Ucrânia, termino este artigo com uma mensagem partilhada por Olena Zelenska, com a firme esperança que se torne realidade: “O sol já é visível através da fumaça dos bombardeios. Tudo será primavera, tudo será vitória, tudo será Ucrânia!”