O regresso da inflação-1
É mais 1 “lição” do ilustre economista e professor Daniel Bessa publicada no Expresso que pela sua clareza, importância e atualidade, merece ser lida, divulgada e ponderada.
Limito-me a transcrevê-la dividindo-a em 3 capítulos sendo este o 1º.
“Desde há alguns meses, o Mundo começou a ver-se confrontado com notícias de aumento de preços. De início de forma larvar; à medida que o tempo foi decorrendo, de forma cada vez mais aberta e cada vez mais generalizada.
É a escassez de matérias primas. É a escassez de meios e de material de transporte, sejam navios ou contentores. É a escassez de energia. É a falta de chips. Em todos estes casos, como é próprio dos mercados, os preços têm vindo a subir. Em vários sectores de atividade, estas dificuldades de abastecimento travam a produção, e a oferta, no preciso momento em que, passado o período mais agudo da pandemia, a procura começa a recuperar. Noutros casos, mesmo que os volumes de produção não se vejam afetados, o aumento dos custos de produção começa a ver-se repercutido nos preços.
Subiram ou estão em vias de subir os preços do trigo, da farinha e do pão. Da alimentação e dos medicamentos. Do papel e dos jornais. Da energia e dos transportes. O custo de vida. Mais cedo do que tarde, a atualização dos salários entrará na ordem do dia. Temos, enfim, inflação.
Embora o conhecimento comum tenda a confundi-los, há uma diferença subtil, mas profunda, entre aumento de preços e inflação. Esta exige algo mais: que o processo de aumento dos preços se consolide. Mais do que um problema de intensidade, ou de escala, a inflação exige um passo em frente: que o aumento de preços se generalize, se intensifique, se perpetue, sem regresso.
Trata-se de um dos processos mais conhecidos da Humanidade, em geral, e, mais recentemente, desde que a “ciência” começou a institucionalizar-se, dos economistas. ...” (continua).
Leitor identificado