A Guerra Mundo

Rússia nega pedido de ajuda militar e económica à China

None

A Rússia negou hoje ter pedido ajuda militar e económica à China para invadir a Ucrânia e ultrapassar as sanções que lhe têm sido impostas pelos países ocidentais.

O jornal The New York Times (NYT) noticiou no domingo, citando fontes não identificadas, que a Rússia pediu à China que fornecesse equipamentos militares para a guerra na Ucrânia e ajuda económica para ajudar a superar as sanções internacionais.

Questionado sobre essas notícias na sua habitual conferência de imprensa diária, o porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, negou qualquer pedido de ajuda.

"Não", respondeu Peskov quando um jornalista lhe perguntou se as notícias eram verdadeiras, segundo a agência espanhola EFE.

"Diferentes jornais escreveram isso. Os jornais escrevem agora muito, pelo que não se deve tomar isto como fonte primária", acrescentou Peskov, citado pela agência oficial russa TASS.

As notícias sobre o alegado pedido de Moscovo surgiram horas antes de se ter iniciado, em Roma, um encontro entre delegações dos EUA e da China para discutir o impacto da invasão russa da Ucrânia na segurança da Europa e do mundo.

A delegação dos EUA é chefiada pelo conselheiro de segurança Jake Sullivan e a chinesa pelo responsável pela política externa no Partido Comunista Chinês, Yang Jiechi.

"Estamos a acompanhar de perto até que ponto a China está a fornecer, de uma forma ou de outra, assistência material ou económica à Rússia", disse Sullivan, durante uma entrevista televisiva, no domingo.

"Queremos que Pequim saiba que não vamos ficar parados. Não vamos permitir que nenhum país compense as perdas da Rússia devido às sanções económicas aplicadas a Moscovo", insistiu.

Sullivan disse que "haverá consequências" no caso de alguém procurar ajudar a Rússia a contornar as sanções.

A China também negou as mesmas notícias e acusou os EUA de desinformação.

"É completamente falso, é pura desinformação. A China declarou clara e consistentemente a sua posição sobre a crise na Ucrânia. Desempenhamos um papel construtivo e avaliamos a situação de forma imparcial e independente", disse hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian.

"Denegrir a posição da China não é aceitável", disse Zhao, durante uma conferência de imprensa em Pequim.

A China evitou sempre condenar as ações russas na Ucrânia, que não descreveu como uma invasão.

Pequim insiste tanto no "respeito pela integridade territorial de todos os países", como na atenção que deve ser dada às "legítimas preocupações com a segurança" da Rússia.

A China também se opõe a sanções unilaterais porque criam "sérias dificuldades económicas" às populações dos países afetados.

A China e a Rússia "sempre mantiveram uma cooperação sólida no campo da energia" e "vão continuar a realizar uma cooperação comercial que inclui gás e petróleo", disse Zhao, acrescentando que as trocas ocorrerão num espírito de "respeito e benefício mútuos".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, suscitando a condenação da generalidade da comunidade internacional, com vários países a decretarem sanções contra interesses russos em diversos setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 19.º dia, provocou um número de mortos e feridos ainda por determinar, mas diversas fontes admitem que poderá ser da ordem dos milhares.

O conflito também levou 2,8 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia para países vizinhos, naquela que é considerada a pior crise do género na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).