Social-democrata

Em recente crónica neste DN com o título “Direita ou esquerda” tenta-se distorcer a realidade dos factos ao afirmar que o PSD não é um partido social democrata. Bastaria consultar o Programa do PPD de 1974 onde no nº 4 está claramente definido que o PPD optou desde a sua fundação por uma via social-democrata o que desde logo anula a insinuação torpe que o partido se tornara social-democrata após alterar a sua sigla para PSD. Igualmente descabido é o autor da crónica considerar que a única via social-democrata é a do centro-esquerda (CE) que diz ser seguida pelo PS, o seu partido, ainda que na respetiva Declaração de Princípios não exista qualquer alusão à social-democracia mas sim ao socialismo democrático o qual segundo afirma e reafirma António Costa é de esquerda, ainda que nas campanhas eleitorais menospreze a esquerda e apele ao voto do centro. Quanto à “praxis” temos o exemplo do PS que nos últimos anos foi mais do CE-marxista ao aliar-se ao PCP um partido que persiste em desconsiderar a democracia e apenas se serve dela, pois sempre apoiou e continua a apoiar ditadores e tiranias, tal como agora ao apoiar a invasão da Ucrânia ordenada por Putin. A social-democracia procura agregar o centro do espetro político que não se revê em extremismos políticos de direita ou de esquerda e tão legítima é a do centro-esquerda como a do centro-direita. Do mesmo modo que seria intelectualmente desonesto considerar que o PS apesar dos últimos 6 anos de governo aliado ao PCP deixara de ser um partido do socialismo democrático, também é intelectualmente desonesto pretender colar o PSD à extrema direita. E da mesma forma que o PS tem liderado a esquerda e a extrema esquerda marxista que lhe deram a atual maioria absoluta, já que a mesma foi conseguida à custa dos votos do eleitorado do BE e do PCP, também o PSD tem todo o direito de almejar liderar a direita sem que isso altere a orientação política do partido que sempre foi e é a social-democracia.

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