Pensem nas crianças
Crianças como as nossas deixaram de brincar e foram obrigadas a sair dos seus lares
“Nunca Guerra! Pensem acima de tudo nas crianças, cuja esperança de uma vida digna é tirada: crianças mortas, feridas, órfãs, crianças que têm resíduos de guerra como brinquedos.” - mensagem do Papa Francisco.
Todas as guerras são horríveis. Esta não é, menos ou mais horrível porque está aqui ao lado. Crianças mortas, feridas e órfãs, no Iraque, na Síria, no Afeganistão ou na Ucrânia é sempre o horror da condição humana e o consequente repúdio por quem determina a barbárie.
As guerras são desmoralizadoras para a evolução da Humanidade neste século XXI, distante da Idade Média, distante da tortura dos hereges, torturados até à morte e queimados na fogueira, mas não distante de práticas que levam ao desperdício de vidas humanas, de forma gratuita e fortuita, incluindo crianças e mulheres em camas de hospitais.
Além da chacina na Ucrânia, assistimos a uma “Idade Média” na Rússia em que aos cidadãos que se manifestam contra o ditador e tirano Putin, é-lhes determinada a cárcere. São arrastados para masmorras, independentemente da idade, para que fiquem amordaçados, submissos à voz do dono.
No interior da igreja ortodoxa apesar de uns optarem pelo silêncio com medo das represálias Putinianas e de uns invocarem excentricidades para legitimar Putin, temos também vozes que apelam ao fim da Guerra e se juntam para condenar esta chacina.
Para quem assiste nas televisões a esta barbárie, pouco mais pode fazer além duma simples mas importante ajuda para a causa solidária de apoio, seja para apoiar o acolhimento dos refugiados, seja para chegar à Ucrânia através dos corredores humanitários (dificultados pelo tirano Putin) e assim salvar da morte, cidadãos encurralados nos abrigos e soldados feridos.
Nos 2 lados da Guerra estão as mães dos jovens que são empurrados para uma guerra que não pediram. Hoje as armas são outras e o regresso a casa parece ser acompanhado pelas televisões e pela imprensa corajosa que se mantém no cenário da guerra, eles próprios em risco de vida. (Por isso custa ver as dissertações sobre os salários pagos aos jornalistas que vão à guerra… como se a vida tivesse preço…)
A mão sangrenta de Putin merece o repúdio de todos. Quem exercita a tentativa de explicação do ponto de vista de Putin nesta invasão que traduz a morte de inocentes, não tem lugar na democracia portuguesa. O tempo das trevas não tem lugar na democracia portuguesa.
Para as gerações portuguesas pós 25 de abril, o cheiro da guerra e da morte decorre dos relatos dos pais e avós que vivenciaram os terríveis anos da ditadura e os medos da chamada para a guerra nas colónias portuguesas. Suficiente para rejeitarmos e repudiarmos qualquer guerra.
Do lado da Ucrânia, recebemos a lição da liderança e da coragem e patriotismo dos que ficam para trás e dos que regressam à sua pátria para a defender.
Crianças como as nossas deixaram de brincar e foram obrigadas a sair dos seus lares. Algumas terão conseguido trazer a sua naninha ou o seu brinquedo preferido. Não sabem se voltam a encontrar os familiares que ficaram para trás. Outras caminharam sozinhas entre o horror da guerra e o caos das fronteiras.
É para estes, sobretudo, que vão os nossos pensamentos de fraternidade e de solidariedade, providenciando a ajuda que precisam para minimizar o caos da guerra.
Aos que são acolhidos em Portugal, na Região, cabe-nos pensar… gente como cada um de nós, crianças como as nossas.