'Primeira mão' detecta "pequenez" do CDS no congresso do PSD
Preços dos combustíveis e amadorismo diplomático também apanham dedos
No 'Primeira mão' desta semana, emitido ontem na TSF, e com reposição na 100 FM depois das 10h no próximo domingo, Francisco Gomes dedicou o seu dedo mindinho ao congresso do PSD-M e, por tabela, ao CDS.
O politólogo considera que o Congresso do PSD-M ficou inevitavelmente marcado pela longa lista de críticas ao CDS, partido que integra a coligação governamental, mas que foi alvo de diversas reparos, muitos deles altamente depreciativos, de militantes de todos os níveis da organização social-democrata. Entre as críticas que receberam maior eco mediático estão as observações de que os centristas não sabem o custo de ganhar eleições, não dão o seu melhor no serviço aos interesses da coligação e não fazem o necessário trabalho político, apesar de gostarem de aparecer com mangas arregaçadas nas fotografias.
Face a esta onda de apreciações negativas, a única que se ouviu do lado centrista veio pela voz do seu actual líder, que disse que 'dava o litro', uma observação que nada esclarece, que deixa muitas dúvidas se ele próprio estaria a criticar outros militantes do seu partido e que sabe a pouco, pois não constitui a defesa que se impunha fazer da imagem e do bom nome do CDS-Madeira.
Para Francisco Gomes, todo este triste espectáculo espelha a pequenez à qual o CDS-Madeira, por culpa própria, se auto-reduziu. "Sabemos bem que todos os hipotéticos quadros centristas têm os seus cargos, têm a sua vida resolvida e, se há quem ainda não a tenha, facilmente se arranja, como tem sido o caso. Porventura, não tem havido a necessária reflexão sobre o que está a acontecer ao partido, que está cada vez mais descaracterizado, cada vez menos fiel aos seus princípios fundadores e cada vez mais dependente do PSD-Madeira. Aliás, e por muitos jogos matemáticos que a liderança centrista goste de fazer, a verdade é que o peso do CDS-Madeira, só por si, aproxima-se assustadoramente da insignificância política", refere.
A retórica que dominou o Congresso do PSD-M, a notória má relação que existe entre os dois partidos (disfarçada apenas pelos respectivos líderes) e o exemplo do que se passou com os centristas na República devia inspirar maior reflexão e ainda mais acção, sugere.
Por seu lado, Sara Madalena dedicou o seu dedo do meio à escalada dos preços dos combustíveis.
Entende que uma guerra que dura há quinze dias não pode justificar uma escalada a estes níveis, não obstante a Rússia ser um dos maiores produtores de combustíveis fósseis a nível mundial. Sara Madalena espera não se tratar duma justificação e dum aproveitamento para o Estado se financiar, também sob a capa da descarbonização e da desnuclearização mundial.
Apontadas com esse dedo as razões que, na sua opinião são a verdadeira justificação para estes aumentos astronómicos, prosseguiu a narrativa, chamando a atenção para o facto de nem todas as pessoas terem capacidade económica para adquirir veículos elétricos e ficando, assim, ainda mais longe desse objetivo, porque nem os seus carros conseguem abastecer e não existe, no caso concreto da Madeira, alternativas de transporte público que colmatem as dificuldades que a população sente para financiar e alimentar o seu meio de transporte próprio, dando o exemplo de algumas empresas de transportes públicos com frotas inadequadas e que emitem mais CO2 que muitos veículos individuais juntos.
Quanto a Liliana Rodrigues, dedicou o seu indicador à política externa, nomeadamente à Polónia.
A investigadora lembrou que a Polónia queria oferecer vinte e oito aviões de combate MiG29 (fabrico russo), sob o pretexto que estes aviões seriam passíveis de serem pilotados pelo exército ucraniano. A ideia seria enviar estes aviões para a Alemanha e a contrapartida seria os Estados Unidos da América entregarem à Polónia aviões F16. Incitou outros países a fazerem o mesmo e disponibilizarem aviões MiG29, nomeadamente a Bulgária e Eslováquia, antigos membros do bloco soviético e atuais membros da NATO.
A própria Rússia já tinha avisado que qualquer apoio aéreo à UCrÂnia seria visto como uma participação ativa no conflito e que isso representaria represálias.
Além desta boa vontade ser duvidosa, Liliana Rodrigues detecta "insensatez óbvia, destes aviões MiG29 na eventualidade de sobrevoarem a Ucrânia, serem sempre aviões polacos, portanto, seriam aviões de um país da NATO a entrarem diretamente nesta guerra".
Julga que este "amadorismo diplomático" poderia custar muito à União Europeia e à NATO nesta fase. "Vale-nos a diplomacia estratégica americana que recusou esta oferta e que começa a assumir, claramente, a coordenação das forças aliadas", sublinha.