México acusa Parlamento Europeu de se juntar a "estratégia de golpe de Estado" da oposição
O Governo mexicano acusou, na quinta-feira, o Parlamento Europeu (PE) de se juntar à "estratégia de golpe de Estado" da oposição, depois de os eurodeputados terem condenado a violência no México contra os jornalistas.
O PE apelou para a proteção dos jornalistas e dos defensores dos direitos humanos, na sequência do assassínio de sete repórteres, já este ano.
"É lamentável que se juntem como ovelhas à estratégia reacionária" que "se opõe" ao Governo mexicano, disse, em comunicado, no qual exigiu também que os eurodeputados "evoluam" e "deixem para trás a mania de interferência disfarçada de boas intenções".
Na quinta-feira, o PE condenou as ameaças, assédio e homicídios de jornalistas e defensores dos direitos humanos no México e exortou a que estes crimes, que já custaram a vida a seis repórteres até agora, em 2022, fossem investigados "prontamente, exaustivamente, de forma independente e imparcial".
"A liberdade de expressão 'online' e 'offline', a liberdade de imprensa e a liberdade de reunião são mecanismos chave para o funcionamento de uma democracia saudável", sustentaram os eurodeputados, numa resolução aprovada por 607 votos a favor e dois contra, com 73 abstenções.
O Governo mexicano disse aos eurodeputados que se o país estivesse na situação "que descreve (...) o Presidente não seria apoiado por 66% dos cidadãos", de acordo com uma sondagem da Morning Consult, uma "aprovação superior à dos líderes europeus".
Desde 2000, a organização não governamental de defesa dos direitos humanos Artigo 19 documentou 150 assassínios de jornalistas no México, possivelmente relacionados com o trabalho profissional. Do total, 138 são homens e 12 mulheres.
Destes, 47 foram registados durante o anterior mandato do Presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018), e pelo menos 30 no do atual chefe de Estado, Andrés Manuel López Obrador (2018-2024).