Universidades portuguesas prontas para acolher estudantes e docentes ucranianos
O presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) disse hoje que as instituições portuguesas estão disponíveis para receber estudantes, docentes e investigadores ucranianos que se encontram em Portugal ou venham a solicitar estatuto de refugiado.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do CRUP, António de Sousa Pereira, afirmou hoje que, apesar de neste momento não haver "uma noção do número de estudantes ucranianos que virão para Portugal", as instituições vão "trabalhar afincadamente para receber todos".
"Em função da procura iremos procurar condições e fazer o nosso melhor para os receber, seja criando condições para receber os estudantes, seja para receber técnicos, professores", salientou António de Sousa Pereira, observando que tal iniciativa contará com o apoio dos municípios, do Governo e da Plataforma Global para a Educação Superior nas Emergências.
Em comunicado, o CRUP manifestou hoje o seu apoio e solidariedade para com as universidades e comunidades académicas, bem como para com o povo ucraniano.
Condenando a "agressão que se encontra em curso" na Ucrânia, o CRUP pretende unir "todos os esforços necessários" e criar "condições de apoio" aos estudantes, trabalhadores, docentes e investigadores ucranianos que se encontram em Portugal, bem como aos que venham a solicitar o estatuto de refugiado em Portugal.
À Lusa, António de Sousa Pereira, também reitor da Universidade do Porto (U.Porto), destacou que a decisão "foi unânime" entre todas as universidades que integram o CRUP e que as mesmas pretendem que este acolhimento "não seja burocratizado".
"Em função da procura, queremos que exista disponibilidade do Governo para legislar sobre esta matéria", disse, salientando que se colocam dúvidas do ponto de vista legislativo e que espera que o Governo seja "célere e permita a integração" destes estudantes, docentes e investigadores.
No comunicado, o CRUP refere ainda que se compromete interagir com as universidades ucranianas parceiras para "identificar as necessidades" e lhes prestar apoio, providenciando "toda a assistência que for possível", bem como aos membros da comunidade académica russa que se opõem à invasão da Ucrânia.
"As universidades do CRUP apenas se envolverão em colaborações com organizações da Federação Russa quando estas estejam claramente baseadas nos valores europeus que compartilhamos", salientam os reitores portugueses.
Quanto a esta tomada de posição, António de Sousa Pereira clarificou que o objetivo "não é isolar os colegas russos", mas que "novas colaborações" e a manutenção das colaborações existentes serão feitas "com quem expresse os valores europeus, e não com quem expresse valores antieuropeus e pró-guerra".
Segundo o presidente do CRUP, 12 das 18 universidades russas que integram a Associação Europeia de Universidades subscreveram uma posição de apoio ao presidente russo, Vladimir Putin, "afirmando um conjunto de valores para as suas universidades com o qual nós [CRUP] não nos identificamos".
Tal, considerou António de Sousa Pereira, fará com que "muitas universidades rompam os acordos de colaboração que têm com essas universidades".
O presidente do CRUP acredita que "grande parte das universidades portuguesas" também seguirá esse caminho, nomeadamente o de romper colaborações com as universidades russas que mostraram apoio à invasão da Ucrânia.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.