Reino Unido simplifica vistos para refugiados com passaporte
O Governo britânico anunciou hoje que vai simplificar a partir da próxima semana o processo de entrada no Reino Unido de refugiados ucranianos detentores de passaporte, após inúmeras críticas à complexidade dos procedimentos.
"A partir de terça-feira, posso anunciar que os ucranianos com passaporte não precisarão mais de visitar um centro de processamento de vistos para fornecer os dados biométricos antes de vir para o Reino Unido", disse a ministra do Interior britânica, Priti Patel, no Parlamento, adiantando que a autorização pode ser obtida através da Internet.
O Reino Unido abriu duas vias de entrada para refugiados: o reagrupamento familiar com ucranianos residentes no país ou a entrada dos familiares de britânicos que vivem na Ucrânia.
Londres estima que poderá vir a receber centenas de milhares de pessoas.
Ao contrário da União Europeia (UE), que não exige vistos aos refugiados, o Governo britânico insistiu em recolher primeiro os dados biométricos das pessoas, para confirmar a respetiva identidade, antes de permitir a sua entrada, alegando questões de segurança, opção que resultou numa acumulação de casos e desencadeou fortes críticas face a demora e a complexidade do processo.
Priti Patel disse hoje que os centros de pedido de vistos vão agora concentrar-se em ajudar os ucranianos sem passaporte, enquanto aqueles com passaporte podem obter a autorização de entrada pela Internet.
"Uma vez que o pedido tenha sido considerado e as verificações apropriadas concluídas, receberão uma notificação direta de que são elegíveis para o programa e podem vir para o Reino Unido", disse a ministra.
Nos últimos dias, o Governo informou que emitiu 850 vistos de um total de cerca de 22.000 pedidos de refugiados ucranianos, com relatos na comunicação social de dificuldade no preenchimento dos formulários e falta de informação sobre o funcionamento dos centros.
A vizinha Irlanda, que é um país mais pequeno, já acolheu mais de 2.000 refugiados ucranianos.
Priti Patel chegou a anunciar no Parlamento a abertura de um centro provisório em Calais, no norte de França, onde se concentraram centenas de ucranianos, mas a intenção não se confirmou e as pessoas foram encaminhadas para os serviços em Paris.
Embora tenha saudado o anúncio, o Partido Trabalhista britânico considerou a resposta do Governo à crise humanitária uma "vergonha total", uma vez que teve "semanas, se não meses" para se preparar, tendo em conta a iminente invasão russa da Ucrânia.
"Isto tem sido vergonhoso, fazer com que pessoas vulneráveis sejam empurradas de um lado para o outro numa hora de necessidade. Semana após semana vimos isto acontecer. É profundamente errado deixar as pessoas neste estado terrível", criticou a deputada Yvette Cooper.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 2,3 milhões de pessoas -- o êxodo mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.