Espanha diz que ataque a hospital em Mariupol constitui crime de guerra
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considerou hoje que o bombardeamento de hospitais ucranianos pelas forças russas, como aconteceu com uma maternidade em Mariupol, constitui "um crime de guerra" que não pode ficar impunes.
As autoridades daquela cidade portuária anunciaram hoje que três pessoas, incluindo uma criança, morreram no bombardeamento russo que atingiu um hospital pediátrico em Mariupol, no leste da Ucrânia.
O relatório publicado no dia anterior pelas autoridades dava conta de 17 pessoas feridas.
Num comunicado separado, o município acrescentou que uma quarta pessoa foi igualmente atingida num ataque na manhã de hoje.
"Vemos como eles [russos] estão a bombardear hospitais, estão a atacar a sociedade civil de forma indiscriminada, claramente violando os direitos humanos e provavelmente cometendo crimes de guerra, e esses crimes de guerra não podem ficar impunes", sublinhou Sánchez, durante uma visita a um centro de acolhimento de refugiados ucranianos em Pozuelo de Alarcon, perto de Madrid.
Os bombardeamentos aéreos sobre a cidade de Mariupol continuaram hoje de manhã, causando pelo menos um morto, segundo o exército ucraniano.
"Má manhã em Mariupol novamente. Ataque aéreo numa cidade pacífica novamente. Às 08:00 (06:00 em Lisboa) na área da Avenida Budivelnikov, as forças de ocupação russas dispararam, a partir de aviões, contra moradores de Mariupol", disse o exército numa mensagem divulgada na rede Telegram.
"Os nazis continuam a destruir Mariupol, mas a cidade não vai render-se ao inimigo", acrescenta a mensagem.
Uma outra mensagem divulgada pouco depois adiantava terem sido destruídos vários edifícios residenciais.
"As tropas russas estão a destruir, deliberada e implacavelmente, a população civil de Mariupol", considerou hoje o município, que divulgou, na quarta-feira, terem sido mortos mais de 1.200 habitantes locais em nove dias de cerco russo à cidade.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, justificou hoje o bombardeamento daquele hospital pediátrico devido ao facto de o edifício servir de base para um grupo de extremistas ucranianos.
"Esta maternidade foi tomada há muito tempo pelo grupo Azov e outros radicais", declarou Lavrov, acrescentando que os pacientes e o pessoal médico e administrativo tinham sido expulsos do local por elementos daquele grupo.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.