Desporto nacional dá tímido sinal de recuperação de atletas
O desporto português tem recuperado timidamente a nível de praticantes federados, dois anos após uma queda drástica gerada pela pandemia de covid-19, segundo dados das federações nacionais consultados pela agência Lusa.
No final de 2020, ano em que Portugal enfrentou o primeiro confinamento geral e uma paragem quase completa do setor de março a maio, o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) contava 587.812 atletas, com 423.737 homens e 164.075 mulheres.
Essa fasquia interrompeu um crescimento que se arrastava há sete anos consecutivos e representou uma redução de 101.082 praticantes (14,7%) face a 2019, quando estavam registados 688.894, incluindo 471.404 masculinos e 217.490 femininos.
Os números de 2021 ainda estão a ser processados pelo IPDJ, mas a estimativa mais recente das principais federações reflete uma reconquista gradual, à qual não será alheia o efeito da administração de vacinas contra o coronavírus responsável pela pandemia.
Confrontando fevereiro de 2022 com o período homólogo de 2020, que antecedeu a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) passou de 194.648 para 191.437 inscritos.
Se o futebol até sentiu uma ligeira subida, ao passar de 158.803 para 158.900 jogadores, contando agora com 153.524 homens e 5.376 mulheres, o futsal caminha em sentido inverso, de 35.845 para 32.537, tendo 29.034 no setor masculino e 3.503 no feminino.
As modalidades sob a égide da FPF eram claras dominadoras na lista do IPDJ em 2020, seguidas do voleibol, em ascensão de 2019 (48.791) para 2020 (53.316), e do andebol, que 'tombou' entre 2019 (14.377) e 2020 (7.503), mas reergueu-se em 2021 (13.381).
Nos restantes desportos de pavilhão, o hóquei em patins prossegue em decréscimo, com 5.695 filiados em 2021, contra 7.358 em 2019 e 7.079 em 2020, tal como o basquetebol, que fechou a última época com 18.940, após 24.220 em 2018/19 e 24.072 em 2019/20.
Já a diferença de quase 85.000 federados na natação entre 2018/19 (106.524) e 2019/20 (21.479) começou a ser invertida lentamente em 2020/21 (46.980), em contraste com a canoagem, cujo máximo histórico de 3.525 (2021) superou 2019 (2.730) e 2020 (2.855).
Depois de ter alcançado o seu recorde de filiação há três anos (19.439), em plena fase pré-pandemia, o atletismo esteve constante em 2020 (19.217), um ano antes de baixar para os 17.396, fasquia suplantada logo a meio do primeiro trimestre de 2022 (17.485).
Ao máximo de atletas inscritos chegou o ciclismo em 2021 (18.787), tirando partido do retomar da normalidade competitiva, na sequência de dois anos inteiros sem flutuações significativas, mesmo sofrendo uma queda suave de 2019 (16.927) para 2020 (16.542).
Outra modalidade a bater recordes de filiação em plena pandemia de covid-19 foi o surf, com 2.645 atletas em 2021, cuja federação foi a única no país inteiro a concluir todos os quadros competitivos em 2020, ano em que tinha inscrito 2.138, mais nove face a 2019.
A doença transmitida por um novo coronavírus foi detetada em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, e alastrou-se no início de 2020, tendo confinado países inteiros na primavera, com restrições à circulação na via pública e setores económicos suspensos.
Entre múltiplos avanços e recuos, o desporto foi resistindo com a normalidade possível, com mais ou menos casos de infeção, diversas restrições sanitárias e encontros adiados, mas, até meados de 2021, prosseguiu sem público nos recintos nem atividade formativa.
As camadas jovens retomaram os treinos em 19 de abril, depois de se terem reinventado à distância durante 13 meses, mas retiveram só 89.792 atletas dos 252.704 inscritos nas federações de andebol, basquetebol, futebol, hóquei em patins e voleibol em 2019/20.
O regresso gradual dos adeptos aos estádios e pavilhões foi autorizado em 01 de agosto de 2021, inicialmente com uma lotação máxima de 33%, que ainda evoluiu para 50% e desapareceu em 30 de setembro, seguindo o ritmo crescente de vacinação em Portugal.
Os titulares de bilhete têm estado sujeitos à obrigatoriedade de utilização permanente de máscara e à apresentação, à entrada dos recintos, de certificado digital de vacinação ou teste negativo ao coronavírus, que deixou de ser exigido desde 17 de fevereiro de 2022.
Dos nove mil milhões de euros (ME) em subvenções comunitárias pós-crise presentes no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, há uma verba de 10 ME para apoiar o Sistema Universal de Apoio à Vida Ativa (SUAVA), visando a promoção do bem-estar físico e emocional dos cidadãos, através do aumento da atividade física no país.
Já o programa governamental 'Reativar Desporto' concedeu 30 ME a fundo perdido no apoio aos clubes durante a retoma da atividade desportiva, dos quais foram atribuídos 7,86 ME, num processo que recebeu 1.679 candidaturas, abrangendo 237.400 atletas.
Números de atletas federados:
Andebol: 8.921 (Masculinos); 4.460 (Femininos)
Basquetebol: 6.811 (M); 12.129 (F)
Futebol: 153.524 (M); 5.376 (F)
Futsal: 29.034 (M); 3.503 (F)
Voleibol: 24.059 (M); 29.257 (F)