Fascismo

Para aqueles que não sentiram o fascismo ou que têm, desta ideologia, uma vaga noção teórica, os terríveis acontecimentos na Ucrânia, que todos os dias entram pelas nossas casas através da televisão mostram-nos, com um impressionante realismo, o componente essencial dessa ideologia. A violência indiscriminada como fim. Violência sobre o inimigo criado pela imaginação de um líder que se julga um messias, a quem todos devem venerar e obedecer.

Há outros elementos , igualmente relevantes, que integram este regime político. Um poder totalitário onde, à falta de liberdade individual e coletiva , ausência do debate político, da pluralidade e da tolerância, se associa o controlo da comunicação social, com divulgação da propaganda política do governo tendo por base a contrainformação e a mentira. Tudo vigiado por uma polícia política que atua dentro e fora do país, a seu belo prazer , praticando atentados contra a dignidade humana e denunciando aqueles que julgam não aceitar essa ideologia. São considerados inimigos do povo e da nação e, como tal, arbitrariamente punidos pelas forças policiais ou militares.

A invasão da Ucrânia pela Rússia é a demonstração prática destes conceitos sobre o fascismo.

Invasão planeada ao longo de muito tempo, durante o qual a população russa foi sendo intoxicada com a ideia de que a Ucrânia era o inimigo. Representava um perigo para o país, para a sua segurança e para o seu povo. Assim, o foi preparando para a guerra, há muito decidida pelo seu Líder que, com uma psicopática obsessão imperialista, tenta refazer a antiga União Soviética -que já começou com a anexação da Crimeia-, nem que para isso tenha de desencadear uma catástrofe a nível planetário. A violência sacrificial de que falava Hitler.

De nada serviram as diversas viagens feitas ao Kremlin por vários políticos, com intenção de evitar a guerra. Foram humilhados pelo cínico e maquiavélico Vladimir Putin.

Todos sabiam, com certeza, que a Rússia é governada por um regime fascista , chefiado por um antigo membro do KGB , com tudo o que isso representa de brutalidade e frieza. Foram uns inocentes cordeirinhos face a um urso poderoso e matreiro.

Que falta tem feito à Europa, nas ultimas décadas, um verdadeiro Estadista!

Mas a Europa, nomeadamente a França e a Alemanha, que forneceram componentes militares para ajudar a criar o maior arsenal de guerra do mundo, não estão isentas de alguma responsabilidade nesta guerra.

Em resposta, foram aplicadas, tarde e a más horas, sanções à Rússia e aos seus oligarcas dispersos por vários países que se vão refletir, essencialmente, sobre o povo anónimo que Putin marginaliza .

Mas também nós, ocidentais, vamos sentir o efeito boomerang desta atitude o qual, junto às consequências naturais duma guerra desta dimensão, agravarão a nossa situação socioeconómica, já deprimida pela Covid-19.

Ao vírus SARS-CoV2, segue-se o vírus Putin 1. Decididamente, os astros não estão connosco.

António Macedo