Tempo de guerra e de pandemia
Sou absolutamente contra o romancear desta guerra com imagens e heróis e do uso das crianças para colocar muitas pessoas irracionalmente contra os russos.
Com tantas coisas a acontecerem à nossa volta e no mundo, confesso que não é fácil escrever este artigo. Procuro ser sempre o mais objetiva possível naquilo que escrevo, mas hoje é difícil, pela complexidade dos tempos em que vivemos.
É fácil condenar o poder Russo pela guerra desencadeada contra a Ucrânia por tudo o que isso representa de autoritarismo, agressividade, falta de respeito para com a autonomia dos Países e dos Povos. Coloco-me sempre no lugar dos Ucranianos e não vacilo em relação a isso, porque sempre fui contra as guerras, até porque quem nelas morre são sempre os homens e mulheres que são mandados para a frente, porque os que decidem ficam protegidos na retaguarda e nada lhes acontece.
Se as nossas fontes de informação forem só o que acompanhamos nos media, que nos bombardeiam permanentemente com as mesmas notícias, então aí a tendência, pelo menos a minha, é a de fugir e procurar perceber o essencial da situação e ir acompanhando, com alguma isenção, o que é necessário saber.
Sou absolutamente contra o romancear desta guerra com imagens e heróis e do uso das crianças para colocar muitas pessoas irracionalmente contra os russos. Ora, não é o povo russo que quer a guerra. Milhares de russos têm-se manifestado nas ruas contra as decisões dos seus dirigentes e até têm sofrido represálias por isso. O Putin, para mim, para além de ser um ditador que nunca quis renunciar ao Império de outros tempos, é um louco sedento de guerra para demonstrar que é poderoso. O poder para ele é o das armas, sejam elas quais forem, por isso mesmo é um perigo à solta.
Ninguém tem o poder de invadir um País que funciona com os seus órgãos eleitos democraticamente. Mas também não somos parvos e sabemos quem também está por detrás dos Ucranianos. Sabemos que, como Putin há outros loucos, algures por aí, sedentos de guerras, até porque têm muitas armas para vender. Agora até são simpáticos porque estão, aparentemente, a ajudar quem precisa de ajuda, mas não nos esqueçamos de outros conflitos e do papel nefasto desses “benfeitores”, cujas mentiras causaram tantos prejuízos à humanidade.
Se não podemos vacilar neste conflito a apoiar a luta dos Ucranianos na defesa do seu País, também devemos estar atentos ao desenvolvimento do conflito, não só pelos prejuízos que podem advir para todo o mundo, como também pelos apetites belicistas que existem um pouco por todo o lado na Europa e no Mundo.
Agora já só se fala em aumentar os dinheiros dos orçamentos de estado a serem gastos em armamento militar. Estamos ainda em pandemia, que nos deixou problemas sérios, mas parece que isso já não interessa e, em vez de aumentar o financiamento dos sistemas de saúde públicos, vai-se privilegiar as armas. Isto é muito perigoso e deve preocupar-nos a todos. Aliás, desde que começou a guerra, deixou-se praticamente de falar da pandemia. A sociedade funciona como se tudo estivesse normal. Partilha-se fotos e vídeos de festas com casas bem cheias e a se divertirem como antes. Sem qualquer medida de proteção especial. Cancelou-se o carnaval, mas autoriza-se outras atividades que, se calhar, mobilizam mais gente do que o carnaval. E eu, que até não sou aficionada pelo carnaval que hoje se comemora, acho isto tudo tão estranho e contraditório. Os governantes andam um pouco baralhados e se isso pode ser um efeito dos festejos do carnaval, foi em privado porque o que foi proibido foram os cortejos públicos. Já o resto, até está a render mais…