Portugal acorda resposta conjunta a pedido de esclarecimento da Rússia
O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou hoje que foi concertada uma resposta conjunta à carta da Rússia pedindo aos Estados-membros da NATO e da OSCE que se pronunciem individualmente sobre a crise na Ucrânia.
A observação do governante português acontece depois da União Europeia ter convidado hoje a Rússia para discussões acerca da segurança europeia em sede da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), reclamando simultaneamente o fim da escalada de tensão com a Ucrânia.
"Tivemos de concertar posições entre nós, discutir entre nós, e decidimos que, visto que fazemos parte de uma mesma entidade política -- União Europeia -- e aqueles que fazem parte, como Portugal, (...) de uma mesma aliança político-militar, da NATO, que a resposta devia ser conjunta", disse o ministro Augusto Santos Silva em declarações à agência Lusa.
Falando à margem de uma reunião conjunta de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Saúde da União Europeia (UE) em Lyon, França, o ministro afirmou que "haverá uma resposta da União Europeia, na qual todos os 27 Estados-membros se reveem e haverá uma resposta da NATO, na qual todos 30 aliados se reveem".
Em 03 de fevereiro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros dizia que estava a analisar e ia responder à carta enviada pela Rússia aos Estados-membros da NATO e da OSCE em que pede que se pronunciem individualmente sobre a crise na Ucrânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, enviou cartas aos Estados-membros da NATO e da OSCE a pedir que divulguem o que pensam sobre a crise na Ucrânia, independentemente da posição das duas organizações.
A posição da UE é expressa numa carta entregue hoje pelos 27 Estados-membros ao embaixador russo em Bruxelas, à qual a agência noticiosa francesa AFP teve acesso, e que tem como destinatário o chefe da diplomacia russa.
Fontes diplomáticas indicaram à AFP que o convite para discussões no quadro da OSCE é uma resposta em "nome coletivo" dos 27 a missivas enviadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo a alguns dos seus homólogos europeus a questioná-los sobre a sua interpretação do conceito de "indivisibilidade da segurança".
Segundo Moscovo, esse conceito significa que a segurança de cada país está indissociavelmente ligada à de outros, pelo que um eventual alargamento da NATO à Ucrânia ou à Geórgia ameaça a segurança da Rússia.
Embora Lavrov tivesse pedido respostas "a título nacional, e não em nome do bloco" -- o Kremlin continua a rejeitar discussões com a União Europeia -, os 27 decidiram então responder em nome coletivo, e, ainda segundo a AFP, voltam a exortar Moscovo a baixar a tensão pondo fim ao reforço de meios militares nas fronteiras com a Ucrânia, incluindo em solo bielorrusso.
"Continuamos extremamente preocupados com a situação atual e estamos firmemente convictos de que as tensões e os desacordos devem ser resolvidos através do diálogo e da democracia", indicam os 27.
Acrescentam que a UE está pronta, em conjunto com os parceiros da NATO, a "prosseguir o diálogo com a Rússia sobre a forma de reforçar a segurança de todos".
Os 27 defendem então que a OSCE é "a instância apropriada para responder às preocupações de todas as partes interessadas em matéria de segurança, em complementaridade com outras entidades existentes, designadamente o Conselho NATO-Rússia".
O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira da Ucrânia para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.