MNE da Hungria diz que país não aceitará mais tropas da NATO
O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjártó, disse hoje que o seu país não aceitará mais tropas da NATO no seu território no âmbito das atuais manobras relacionadas com a crise ucraniana.
"Não, não concordámos com isso porque já temos tropas da NATO no nosso território e que são o exército húngaro e as Forças Armadas húngaras, que estão em condições de garantir a segurança do país. Não necessitamos de tropas adicionais no território da Hungria", disse em declarações à estação televisiva Euronews.
Nas suas declarações, Szijjártó exortou os Estados Unidos, a Europa e a Rússia a prosseguirem conversações para evitar "o pior cenário" em torno da crise ucraniana, ao indicar que os países da Europa central serão os grandes perdedores no caso de eclosão de um conflito.
A atual crise recupera as memórias da Guerra Fria e "as muitas décadas em que sofremos", considerou ainda.
"É por isso que não pretendemos o regresso desses tempos. Pedimos, exortamos a comunidade internacional a fazer o melhor possível para evitar um regresso da Guerra Fria, porque aprendemos com a história, e infelizmente de forma muito, muito clara, que quando decorre um conflito leste-oeste, os países da Europa central perdem e nunca mais queremos ser perdedores", disse.
Os EUA enviaram novos contingentes militares para a Polónia e Roménia, enquanto a Alemanha colocou tropas na Lituânia, e quando forças da NATO já estão há muito estacionadas na Estónia, Letónia e Lituânia, para além da Polónia.
"Temos de investir na diplomacia, temos de investir no diálogo. É por isso que exortamos a Federação da Rússia e os nossos aliados ocidentais, os grandes países, a não desistirem da esperança de um acordo negociado, e a dialogarem entre si porque uma vez mais, e volto a recordar, caso se verifique uma ação violenta isso será extremamente perigoso para os pequenos países da Europa central".
A Rússia concentrou numerosas tropas junto às fronteiras da Ucrânia, no que os EUA consideram preparativos para uma invasão. Moscovo tem negado repetidamente estas alegações.
Em simultâneo, Washington e as capitais europeias avisaram Moscovo que uma incursão militar na Ucrânia implicará "enormes consequências para a Rússia", incluindo sanções económicas punitivas.
No entanto, Szijjártó disse acreditar que este género de medidas "não resulta", ao assinalar o facto de a Rússia estar sujeita a sanções ocidentais desde 2014, quando anexou a Crimeia e iniciou o apoio aos separatistas russófonos do leste da Ucrânia.
"Se analisarmos as sanções por si próprias, foram um falhanço. Não funcionaram. São um insucesso", prosseguiu, para acrescentar que "o comércio entre a Alemanha e a Rússia aumentou desde o momento em que foram aplicadas as sanções".
As sanções aplicadas pela União Europeia (UE) e que devem ser aprovadas por todos os Estados-membros, têm sido regularmente renovadas desde 2014 e registaram o último prolongamento em janeiro, recordou a Euronews.
"A minha posição é que se nos referirmos a novas sanções, é absolutamente necessário efetuar uma análise honesta sobre o impacto das sanções que têm sido aplicadas", frisou.
As declarações de Szijjártó complementam as proferidas recentemente pelo primeiro-ministro Viktor Orbán.
Na semana passada, durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente russo Vladimir Putin em Moscovo, o chefe do Governo de Budapeste disse que as sanções da UE provocaram "mais prejuízo à Hungria que à Rússia".