Socialistas da CGTP saúdam resultados eleitorais e defendem nova postura da central
Os sindicalistas socialistas da CGTP consideraram que os resultados das eleições legislativas mostram a confiança dos portugueses no PS e em António Costa e defenderam uma mudança da posição política e estratégica da CGTP, face à nova conjuntura.
Esta posição foi assumida num documento, a que a agência Lusa teve acesso, aprovado pelo Secretariado Nacional da Corrente Sindical Socialista (CSS) da CGTP, que se reuniu no fim de semana para analisar o resultado das eleições de 30 de janeiro e perspetivar o seu futuro.
Os sindicalistas saudaram o Partido Socialista e António Costa pela vitória eleitoral, com maioria absoluta, considerando que "o voto depositado por tão grande número de portugueses e portuguesas expressa inequivocamente a enorme confiança dos portugueses no PS e em António Costa".
Para a CSS da CGTP, os portugueses deram maioria absoluta ao PS "porque confiaram no resultado concreto de seis anos de governação dirigida por António Costa".
O combate sanitário à pandemia, a reposição de direitos, salários e pensões retirados pelo governo de Passos Coelho/Paulo Portas e a aprovação de várias medidas sociais, como o passe social de 40 euros e o aumento extraordinário das pensões, são alguns dos exemplos da governação socialista salientados no documento.
A CSS considerou ainda que o voto dos portugueses no PS foi também motivado pela "necessidade de combater as direitas" e de mostrar aos restantes partidos de esquerda que "recusaram validar, com o seu voto, o incompreensível chumbo do Orçamento na generalidade, em outubro passado".
"Perante o novo quadro político", a CSS da CGTP entendeu que "o PS assume uma enorme responsabilidade com a maioria absoluta".
Os sindicalistas salientaram no documento que "os trabalhadores, os militantes, os delegados e os dirigentes sindicais, socialistas e independentes, que votaram PS no dia 30 confiam que o próximo Governo PS dirigido por António Costa considere devidamente os graves problemas sociais e laborais, que não puderam ser resolvidos nas anteriores duas legislaturas, o sejam nesta".
A CSS defende ainda a necessidade de o próximo Governo promover "a dignidade do trabalho", através da melhoria dos direitos laborais, dos salários, do diálogo social da contratação coletiva, nomeadamente.
A efetivação de políticas públicas de crescimento económico e de progresso social, tanto para o setor público como para o setor privado, uma justa repartição da riqueza e o combate às assimetrias sociais e regionais são outras das reivindicações expressas pelos sindicalistas.
"De uma forma muito genérica, a CSS/CGTP-IN considera que estas são as principais preocupações do povo que deu a sua confiança ao Partido Socialista no dia 30", afirmaram.
A CSS, liderada por Fernando Gomes, da comissão executiva da Intersindical, considerou que o posicionamento sindical da CGTP-IN anterior às eleições foi errado, porque "induzia a uma votação contra o Partido Socialista e inspirava uma votação na CDU", quando deveria "apelar à votação nos partidos das esquerdas, alertar para o perigo e a necessidade de derrotar as direitas".
No período pré-eleitoral, a CGTP criticou a governação do PS e defendeu que os trabalhadores deveriam votar nas forças políticas que mais defendem os seus interesses.
Dias antes das eleições, mais de 100 sindicalistas socialistas e independentes da central sindical emitiram um manifestou de apoio ao voto no PS e a elogiar a governação de António Costa.
"Os trabalhadores e as classes populares necessitam de uma CGTP-IN ativa e interveniente para defenderem os seus interesses. Na generalidade, os partidos das Esquerdas também necessitam de uma CGTP-IN forte e implantada na classe trabalhadora. Mas a CGTP-IN tem de intervir e agir em nome e ao serviço dos interesses da classe trabalhadora e dos seus aliados naturais, todos os partidos das Esquerdas, e no sentido de políticas progressistas, como as realizadas pelo governo PS sustentado pela 'geringonça'", defendeu a CSS no documento aprovado.
Segundo a CSS, os trabalhadores necessitam de uma CGTP "cada vez mais democrática, [...] com mais participação dos trabalhadores e trabalhadoras e dos sindicalistas [...] mais reivindicativa, seja no setor privado seja no setor público [...], mais autónoma.
A Corrente socialista considerou que a CGTP, "com esta estratégia de ação sindical, servirá os legítimos interesses da classe trabalhadora e aumentará o seu prestígio, implantação e influência".