UE convida Rússia para negociações no quadro da OSCE
A União Europeia convidou hoje a Rússia para discussões acerca da segurança europeia em sede da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), reclamando simultaneamente o fim da escalada de tensão com a Ucrânia.
A posição da UE é expressa numa carta entregue hoje pelos 27 Estados-membros ao embaixador russo em Bruxelas, à qual a agência noticiosa francesa AFP teve acesso, e que tem como destinatário o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.
Fontes diplomáticas indicaram à AFP que o convite para discussões no quadro da OSCE é uma resposta em "nome coletivo" dos 27 a missivas enviadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo a alguns dos seus homólogos europeus a questioná-los sobre a sua interpretação do conceito de "indivisibilidade da segurança".
Segundo Moscovo, esse conceito significa que a segurança de cada país está indissociavelmente ligada à de outros, pelo que um eventual alargamento da NATO à Ucrânia ou à Geórgia ameaça a segurança da Rússia.
Embora Lavrov tivesse pedido respostas "a título nacional, e não em nome do bloco" -- o Kremlin continua a rejeitar discussões com a União Europeia -, os 27 decidiram então responder em nome coletivo, e, ainda segundo a AFP, voltam a exortar Moscovo a baixar a tensão pondo fim ao reforço de meios militares nas fronteiras com a Ucrânia, incluindo em solo bielorrusso.
"Continuamos extremamente preocupados com a situação atual e estamos firmemente convictos de que as tensões e os desacordos devem ser resolvidos através do diálogo e da democracia", indicam os 27.
Acrescentam que a UE está pronta, em conjunto com os parceiros da NATO, a "prosseguir o diálogo com a Rússia sobre a forma de reforçar a segurança de todos".
Os 27 defendem então que a OSCE é "a instância apropriada para responder às preocupações de todas as partes interessadas em matéria de segurança, em complementaridade com outras entidades existentes, designadamente o Conselho NATO-Rússia".
O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira da Ucrânia para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
O Presidente russo, Vladimir Putin, nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para a segurança da Rússia, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Moscovo distanciou-se na terça-feira de um novo mecanismo de diálogo apresentado hoje pela presidência polaca da OSCE para reduzir as tensões entre a Rússia e a Ucrânia e, de forma mais abrangente, entre a Rússia e o Ocidente.
A nova plataforma chama-se "Diálogo Renovado sobre Segurança na Europa" e é uma iniciativa do atual presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco, Zbigniew Rau.
"É imperativo que, através da diplomacia e do diálogo, encontremos uma maneira de desescalar", disse Rau, acrescentando que a Europa está num momento "crítico", já que o risco de "uma guerra é maior agora do que em qualquer outro momento nos últimos 30 anos".
O representante da Rússia na OSCE, Alexander Lukashevich, criticou a iniciativa da Polónia - país que integra a NATO e que ofereceu armas à Ucrânia, mantendo relações tensas com Moscovo - como "mal concebida" e disse que o seu país prefere o diálogo direto com a NATO e com os Estados Unidos.
"A nossa posição permanece inalterada: devemos concentrar-nos num diálogo com os Estados Unidos e com os países membros da NATO, com os quais tentamos conseguir garantias de segurança juridicamente vinculativas, de longo prazo", explicou o diplomata russo, num comunicado citado pela agência noticiosa TASS.