Problemas do Brexit são "único impacto detectável", conclui relatório parlamentar
A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) resultou até agora num aumento de custos, burocracia e atrasos nas fronteiras para as empresas, conclui hoje um relatório de um grupo de deputados de vários partidos.
Embora reconheça que a pandemia da covid-19 e outros fatores a nível mundial tenham afetado as trocas comerciais, a Comissão Parlamentar de Contas Públicas britânica diz que o 'Brexit' teve um impacto significativo.
"Uma das grandes promessas do Brexit foi libertar as empresas britânicas para dar-lhes mais espaço para maximizarem a produtividade e a contribuição para a economia - que é ainda mais urgente agora no longo caminho da recuperação da pandemia", afirmou a presidente da comissão, Meg Hillier, deputada do Partido Trabalhista.
Mas, acrescentou, "por enquanto, o único impacto detetável são custos mais altos, burocracia e atrasos na fronteira".
O relatório exorta o Governo a fazer mais para aliviar a carga administrativa e de custos das empresas e alerta para o risco de novas perturbações à medida que as viagens internacionais são restabelecidas.
Os deputados avisam também que a necessidade de mais documentação, quando a UE introduzir novos controlos de passaportes e o Reino Unido começar a verificar a importação de produtos alimentares, pode produzir mais atrasos.
A promessa do Governo de criar "a fronteira mais eficiente do mundo" até 2025 é considerada "otimista, dada a situação atual" e a falta de um plano detalhado, vincam.
O relatório também sublinha o risco de fraude causado pelo adiamento da implementação do sistema de controlo das importações.
Até 2023, as mercadorias que chegam de camião ao porto de Dover só são efetivamente verificadas a cerca de cem quilómetros de distância, deixando aberta a possibilidade de serem descarregadas antes desses controlos.
A publicação do relatório ocorre poucas horas após a nomeação de um secretário de Estado com a pasta das "Oportunidades do Brexit e eficiência do Governo", o deputado conservador Jacob Rees Mogg.
Em 31 de janeiro de 2020, o Reino Unido deixou formalmente de ser um Estado-membro da União Europeia, na sequência do referendo de 2016, quando 52% dos eleitores votaram pela saída da UE.
Após um período transitório, o Reino Unido deixou de pertencer ao Mercado Único e à União Aduaneira em 01 de janeiro de 2021.