Reino Unido condena práticas comerciais da China no conflito com Lituânia
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, condenou hoje as "práticas comerciais coercivas" da China contra a Lituânia, depois de se ter encontrado com a seu homóloga lituana, Ingrida Simonyte, em Londres, anunciou o seu gabinete.
Johnson "reiterou o desapontamento do Reino Unido em relação ao uso pela China de práticas comerciais coercivas contra a Lituânia", que estão a ser investigadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), lê-se numa nota à imprensa sobre o encontro.
A primeira-ministra lituana "saudou o apoio do Reino Unido" na OMC sobre a questão, segundo a mesma nota, citada pela agência espanhola EFE.
A União Europeia iniciou um processo na OMC contra a China, em 27 de janeiro, por "práticas comerciais discriminatórias contra a Lituânia, que estão também a afetar outras exportações do mercado único da UE".
A Comissão Europeia reuniu provas dos vários tipos de restrições aplicadas pelo Estado chinês, incluindo a recusa de desalfandegamento das mercadorias lituanas e de pedidos de importação da Lituânia.
Bruxelas também denunciou a pressão exercida por Pequim sobre empresas da UE que operam a partir de outros Estados-membros para "removerem componentes lituanos das suas cadeias de abastecimento" quando exportam produtos para o país asiático.
A China criticou a UE pela queixa apresentada à OMC, afirmando que não tem fundamentação por o problema com o país báltico ser político e não económico.
A tensão entre a China e a Lituânia remonta ao verão passado, quando as autoridades do país europeu permitiram a abertura de um "Escritório de Representação de Taiwan" em Vílnius, o que provocou a fúria de Pequim.
A República Popular da China exige a qualquer país com o qual mantém relações diplomáticas que exclua contactos oficiais com Taiwan.
A China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
A relação entre o Reino Unido e a China ficou mais tensa nos últimos dias, depois de Pequim ter expressado apoio à reivindicação da Argentina sobre as ilhas britânicas das Malvinas e também à exigência da Rússia para travar o alargamento da NATO à Europa de Leste.
Na sua reunião em Londres, Johnson e Simonyte concordaram que uma invasão russa da Ucrânia "seria um erro desastroso" e que era importante continuar a oferecer apoio "económico e de defesa" ao Governo de Kiev.
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo de que a Ucrânia nunca fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).