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Restauro da natureza reduz emissões e combate alterações climáticas

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O restauro de habitats degradados da União Europeia (UE), como florestas e zonas húmidas, pode retirar da atmosfera até 200 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, indica um estudo divulgado na segunda-feira.

De acordo com o estudo, feito pelo "Institute for European Environmental Policy" (IEEP) para a organização ambiental "World Wide Fund for Nature" (WWF), as 200 milhões de toneladas são o equivalente às emissões anuais combinadas de gases com efeito de estufa da Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo, ou as emissões de Espanha.

Os resultados do estudo demonstram o enorme potencial da próxima Lei do Restauro da Natureza da UE, que deverá ser apresentada pela Comissão Europeia em março, para a mitigação das alterações climáticas, salienta em comunicado a Associação Natureza Portugal (ANP), associada em Portugal da WWF.

Ângela Morgado, diretora executiva da ANP/WWF, considera, citada no documento, que o estudo vem comprovar que sem florestas, rios e ambientes marinhos "plenos e restaurados" não é possível mitigar os efeitos das alterações climáticas nem alcançar a neutralidade carbónica.

"Aumentar os sumidouros naturais de carbono através do restauro da natureza é fundamental e a próxima lei do restauro pode ser decisiva se apresentar uma ação imediata e ambiciosa, com metas de restauro para os diferentes ecossistemas", afirma no comunicado.

No estudo também se afirma que uma lei sobre a restauração de habitats degradados abrangidos pela Diretiva Habitats pode ser fundamental para não apenas enfrentar a perda de biodiversidade mas também para combater a crise climática.

As conclusões do documento apontam para a urgência de tomar medidas de restauro, porque os habitats levam décadas a melhorar e a restabelecer o ciclo do carbono, pelo que a maior parte dos esforços deve acontecer até 2030 e não em 2040 ou 2050.

Além de salientar a importância de aumentar os esforços para proteger habitats ainda não degradados, o estudo indica que reumidificar solos orgânicos drenados atualmente usados na agricultura pode diminuir as emissões em mais de 104 milhões de toneladas por ano, o equivalente às emissões anuais de países como a Áustria ou a Roménia.

A Comissão Europeia está a preparar uma lei sobre restauração da biodiversidade e a degradação dos ecossistemas, que deve apresentar em março.

No comunicado a ANP/WWF dá como com bons exemplos ao nível de restauro da floresta um projeto em Arganil e outro de restauro ecológico de áreas ardidas na Serra do Caldeirão.

A associação portuguesa acrescenta que há muito a fazer, como no cumprimento da meta definida no Programa Nacional de Ação - Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, de restaurar 450 mil hectares de áreas ardidas até 2030.

O IEEP (Instituto de Política Ambiental Europeia) é uma organização independente de estudos de políticas ambientais, especialmente na Europa.