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Firmeza

Em democracia manda a maioria, o povo escolheu, não há mais história

As eleições legislativas nacionais de 30 de janeiro deram a António Costa uma maioria absoluta que ninguém esperava, principalmente aqueles que, sem grande convicção, acabaram por votar no partido socialista procurando apenas dar um contributo para algum equilíbrio partidário, nalguns casos contra os extremismos de esquerda ou de direita.

A verdade é que o antigo Ministro de Estado de José Sócrates consegue agora o poder absoluto, curiosamente depois de ter iniciado o seu percurso de governação com uma solução parlamentar que sai de uma derrota nas eleições legislativas de 2015 contra Pedro Passos Coelho, fantasma que António Costa criou e procurou alimentar num discurso subversivo e demagogo que compara o incomparável: o Portugal de hoje ao Portugal falido que nos deixou José Sócrates. Sim, não nos podemos esquecer que Passos Coelho herdou um Portugal falido que teve de recuperar dentro de apertadas e rigorosas imposições externas.

De todo o modo, sobre os resultados eleitorais de 30 de janeiro deste ano não haverá muito a dizer. É assim em democracia. Como referiu Marcelo Rebelo de Sousa depois do chumbo do orçamento socialista: “em momentos como este, existe sempre uma solução em democracia (...), faz parte da vida própria da democracia, devolver a palavra ao povo (...), é o caminho que temos pela frente para refazer a certeza, a segurança, a estabilidade”.

Em democracia manda a maioria, o povo escolheu, não há mais história, apenas a firmeza necessária para exigir a quem tem agora o poder absoluto que cumpra as suas obrigações constitucionais, que respeite o Estado de Direito e as instituições, que assegure aos portugueses igualdade de oportunidades num país livre e equilibrado. A firmeza necessária para exigir a concretização de novas estratégias de crescimento sustentável que permitam inverter este caminho triste e desastroso de empobrecimento do país nos últimos anos. E também a firmeza necessária para exigir o respeito pela opção clara e inequívoca do povo madeirense que não embarcou na onda nacional e que continua a confiar em quem apresenta um projeto de futuro e defende verdadeiramente os interesses da Região.

Por fim uma palavra para Rui Rio: conhecido por ser um homem frontal, integro, sério e honesto, Rui Rio foi isso e muito mais. Fiel aos seus princípios, não deixou de dizer o que pensa e embalou contra António Costa. Foi incisivo, acutilante e entusiasmante. Esteve por cima nos debates, evidenciando grande preparação e um profundo sentido de Estado, enquanto António Costa tentava apenas passar por entre os pingos da chuva. Rui Rio encostou António Costa às cordas e obrigou-o, numa reta final que parecia decisiva, a abordar com profundidade os assuntos que verdadeiramente interessam ao país, para além do habitual superficialismo e imediatismo socialista. Rui Rio manteve-se firme e cumpriu a sua missão.