Exército paquistanês põe termo a quatro dias de combates com grupo rebelde no Baluchistão
O exército paquistanês anunciou hoje o fim de quatro dias de combates contra um grupo separatista na província do Baluchistão, com um balanço final de 20 militantes e nove soldados mortos.
Os separatistas conduzem desde há anos uma insurreição armada nesta vasta província do sudoeste do país, e que faz fronteira com o Irão e Afeganistão.
Os combates decorreram quando o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, efetuava uma visita oficial à China, que tem efetuado elevados investimentos no Baluchistão.
O grupo separatista Exército de Libertação do Baluchistão (BLA) reivindicou um duplo ataque desencadeado na noite de quarta-feira contra duas bases militares nos distritos de Naushki e Panjgur.
O ataque em Naushki terminou na quinta-feira, mas o de Panjgur prolongou-se até hoje, afirmou o exército.
Os militantes abandonaram por fim a zona da Panjgur, que permitiu ao exército organizar o que designou de "operação de limpeza" para perseguir os rebeldes nos arredores.
"Todos os terroristas cercados foram mortos na operação de hoje porque recusaram render-se", declarou o exército em comunicado.
O BLA afirmou na rede Telegram ter abatido 80 soldados e atingido os seus objetivos.
Os separatistas baluches sobrevalorizam com frequência os balanços dos seus ataques.
Por sua vez, os serviços de comunicação do exército paquistanês também têm tendência a minimizar as perdas, ou a confirmá-las com substancial atraso.
Na sexta-feira, um alto responsável pela segurança paquistanesa indicou que a ofensiva separatista foi organizada para coincidir com a visita à China, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno, do primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan.
"Estes ataques destinavam-se a sabotar a visita", ao colocarem questões sobre a "situação securitária" no Paquistão, declarou.
O Paquistão e a China estreitaram nos últimos anos as suas relações, com Pequim a investir mais de 50 mil milhões de dólares (42 mil milhões de euros) no projeto do Corredor Económico China-Paquistão (CPEC), que tem o seu ponto estratégico no porto de águas profundas de Gwadar.
Estes projetos chineses motivaram um forte ressentimento no Baluchistão, a maior, menos povoada e mais pobre província do Paquistão, que desde há vários anos regista frequentes ações armadas étnicas, sectárias e separatistas.
O território é rico em hidrocarbonetos e minerais, mas a sua população, cerca de 12 milhões de habitantes, queixa-se de ser marginalizada e espoliada dos seus recursos naturais.
Nos últimos anos, os grupos separatistas promoveram ataques de amplitude contra os interesses chineses na província e no restante território do país.