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"Resultados eleitorais não são alfa e ómega da atuação de um partido de esquerda"

Foto MIGUEL A. LOPES/LUSA
Foto MIGUEL A. LOPES/LUSA

A coordenadora bloquista, Catarina Martins, defendeu hoje que, apesar da derrota nas legislativas, os "resultados eleitorais não são o alfa e o ómega da atuação de um partido de esquerda", afirmando que nunca houve convenções extraordinárias por este motivo.

A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda (BE) reuniu-se hoje para analisar os resultados eleitorais do partido nas legislativas de domingo, que falhou os seus objetivos, deixou de ser a terceira força política, perdeu metade dos votos e ficou reduzido a cinco deputados, uma "pesada derrota" assumida por Catarina Martins.

Na conferência de imprensa, a coordenadora do BE adiantou que "foi decidido que esse debate não deve encerrar-se na Mesa Nacional de hoje" e serão feitos "plenários distritais, um pouco por todo o país, e uma conferência nacional ainda no início deste ano, em abril, sobre o rumo estratégico do Bloco de Esquerda".

"Os resultados eleitorais não são o alfa e o ómega da atuação de um partido de esquerda. Isso é mais próprio dos partidos de poder que facilmente mudam de programa para se manter no poder. A esquerda tem convicções, tem um mandato claro e aqui estamos para o cumprir", respondeu aos jornalistas quando questionada sobre a sua continuidade.

Catarina Martins já tinha afirmado que irá cumprir o seu mandato até ao fim.

"Nunca houve no Bloco de Esquerda convenções extraordinárias ditadas por resultados eleitorais. Não existiu nunca nem existirá", enfatizou.

A coordenadora bloquista assumiu que "foram maus resultados" eleitorais e que estes são assumidos pela direção "coletivamente".

"Eu pessoalmente também assumo as minhas responsabilidades. Discuto-as com os meus camaradas, com as minhas camaradas, como fiz hoje ao longo de todo o dia e é assim que funciona um partido de esquerda", sublinhou.

Sobre os críticos internos, Catarina Martins assumiu que "é conhecido que há algumas diferenças".

"Há quem considere que o BE não deve ter nenhum tipo de canal negocial com o PS e há quem considere que o BE não deve perder nenhuma oportunidade que haja de canais negociais para melhorar a vida das pessoas em Portugal. Essas diferenças são diferenças mínimas face aquilo que nos une", afirmou.

Segundo Catarina Martins, na Mesa Nacional "estão representadas todas as sensibilidades".

"Eu ouvi as mais diversas especulações na comunicação social ao longo dos últimos dias, mas o que conta é a Mesa Nacional do Bloco onde toda a gente está representada. Na verdade, não há nenhuma razão para acreditar que assim seja", respondeu quando questionada sobre a possibilidade de haver uma crise interna no partido na sequência destes resultados.