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A Chave da Retrete

Revejam a vossa postura e pensem como gostariam de ser lembrados

Os donos da “chave da retrete”, uma expressão muito madeirense, aponta para todos os que, com a sua arrogância, apenas por deterem um cargo de algum poder querem controlar e decidir sobre a vida dos outros. O povo geralmente goza destes petulantes que, na ilusão da “chave” que detêm, perdem a noção das figuras que fazem. Depois, temos ainda aqueles que com cargos de confiança política consideram-se intocáveis e acham que podem iludir e enganar os demais, com promessas e que não serão descobertos nas suas faltas. Os menos ágeis no discurso, quando os denunciam, são chamados de loucos e isso até vai pegando. O problema é quando se metem com os não loucos que têm muita dificuldade em estarem caladinhos. Depois, temos ainda a categoria dos que exigem submissão, com o discurso da lealdade e do trabalho de equipa. Ora lealdade pressupõe sempre dois sentidos e numa equipa todos combinam a tática. Nunca se esqueçam disso.

Quem está a ler este artigo e quem me conhece, com certeza, estará a pensar que, estranhamente, estou a fazer um aviso à navegação pois, por ventura, alguém já se meteu comigo. Estranhamente, porque no passado não faria o “aviso” e apontaria nomes e factos.

Não é medo, nem é submissão, talvez apenas, refreio na impulsividade e vontade de dar uma oportunidade para refletirem. Mas o que me acalmou mesmo, foi ter conhecido o oposto. Ter reunido e dialogado com as pessoas que verdadeiramente decidem, com uma postura oposta, pró-activa, de humildade e simplicidade. Pessoas com uma inteligência e capacidade profissional acima da média, o que me faz acreditar que continuamos a ter gente muito válida nos destinos da nossa Região.

Aos detentores das “chaves da retrete”, geralmente os subordinados, pensem que têm a chave, seja do que for, enquanto alguém acima de vós vos permite, e que ninguém é insubstituível no jogo político-partidário. Revejam a vossa postura e pensem como gostariam de ser lembrados, ou se gostariam de ser lembrados sequer.

PS - No rescaldo das eleições, apelo ao meu partido a repensar muito bem esta coligação com o CDS. Cada vez estou mais convicta que não é boa estratégia. Uma coisa são acordos parlamentares para levar a cabo políticas e mudanças importantes para a RAM, outra coisa são coligações eleitorais.