Manifestantes exigem justiça pelo assassínio de refugiado congolês no Rio de Janeiro
Centenas de brasileiros protestaram hoje contra a morte de um refugiado congolês, linchado numa praia do Rio de Janeiro por reclamar dois dias de trabalho, e exigiram justiça e castigo para os responsáveis.
Uma parte da manifestação ocorreu frente a um quiosque na Barra da Tijuca, praia do Rio de Janeiro onde, no dia 24 de janeiro, ocorreu o crime, enquanto a outra ocupou parte da avenida Paulista, em São Paulo.
A manifestação no Rio de Janeiro decorreu de forma pacífica, apesar de alguns momentos de tensão vividos quando os participantes arrancaram a placa com o nome do quiosque, conhecido como "Tropicália".
Moïse Kabagambe, refugiado da República Democrática do Congo, de 24 anos e residente no Brasil desde 2014, foi assassinado com golpes, pontapés e socos por um grupo de homens, após ter reclamado uma dívida de 200 reais (cerca de 32 euros) do dono do quiosque, por dois dias de trabalho atendendo clientes.
O assassínio foi denunciado pela família de Kabagambe e imagens registadas pelas câmaras de segurança do quiosque comprovaram que foi vítima de uma brutal agressão por parte de um grupo de quatro homens, três dos quais já foram detidos.
A morte de Kabagambe foi condenada por organizações de direitos humanos, pelo gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR na sigla em inglês) no Brasil e pelo movimento negro, que também denunciou o caso como um assassínio com motivações racistas.
À onda de indignação gerada pelo crime juntaram-se políticos, artistas e movimentos civis dos mais variados tipos.
O governo de ultradireita de Jair Bolsonaro, através do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, informou estar a "acompanhar o caso".
A titular desse ministério, Damares Alves, só dias mais tarde se pronunciou sobre o assassínio, juntando-se às condenações generalizadas.
"Lamentamos a barbaridade que vimos nessas imagens. Basta de violência nesta nação", declarou Alves, exigindo também castigo para os responsáveis.
A 02 de fevereiro, agências ligadas à Organização das Nações Unidas pediram esclarecimentos das autoridades do Brasil sobre a morte do refugiado, um dia depois de artistas, organizações de direitos humanos, personalidades e internautas daquele país criarem a campanha #JustiçaParaMoïse para pedir a punição dos envolvidos na morte de Kabagambe