Associação de companhias aéreas volta a pedir reposição dos voos entre Caracas e Lisboa
A Associação de Companhias Aéreas da Venezuela (ALAV) voltou a pedir às autoridades venezuelanas que permitam que a TAP realize voos entre Lisboa e Caracas.
Numa primeira fase foram restringidos "por questões de segurança" e depois devido à pandemia da covid-19 no país.
"Há muitos destinos que nos faltam por repor. Ao autorizar voos a Espanha, que também se reabram a Portugal e permitam que a TAP faça também voos", disse o presidente da ALAV.
Em declaração à Unión Rádio, Humberto Figuera, explicou que tem sugerido às autoridades locais que "há que excluir a política do tema da aeronáutico, porque o transporte aéreo traz progresso, conectividade, comunicação e é garantia da liberdade de mobilização para os cidadãos".
Ao ser questionado sobre a situação da TAP, "uma medida que foi por razões mais políticas que pelo tema da pandemia", explicou que "as diatribes políticas têm de ser resolvidas no âmbito em que ocorrem, sem afetar outras áreas que são tão importantes" e que o "mundo está finalmente a abrir-se" aos voos após a pandemia da covid-19.
Segundo Humberto Figuera, "além de Portugal, há outros destinos importantes para a Venezuela" como a Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina e o Brasil, mas também "as Antilhas Holandesas, que mantêm encerrado o espaço aéreo para as aeronaves venezuelanas".
Sobre a covid-19, o presidente da ALAV afirmou que ficou demonstrado "que o transporte aéreo não é um veículo de multiplicação da pandemia" da covid-19.
"Muitos países exigem a vacinação completa enquanto a Venezuela exige que quem fez um teste PCR para viajar para cá, quando chegue faça outro PCR", criticou.
Em 17 de fevereiro de 2020, o Governo venezuelano anunciou a suspensão por 90 dias das operações no país da companhia aérea portuguesa TAP, "por razões de segurança", após acusações de transporte de explosivos num voo oriundo de Lisboa.
Segundo as autoridades venezuelanas a TAP, nesse voo entre Lisboa e Caracas, violou normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na lista de passageiros.
O Governo português pediu um inquérito para averiguar a veracidade das acusações que envolviam a transportadora aérea portuguesa, dizendo não ter qualquer indício de irregularidades no voo.
Oito meses depois a TAP realizou o primeiro voo humanitário para Caracas, tendo repatriado 241 portugueses retidos no país devido à pandemia de covid-19.
Em 2020, Portugal repatriou mais de 1.200 portugueses, em cinco voos, três deles realizados pela TAP.
Em 12 de dezembro, o embaixador de Portugal em Caracas, Carlos de Sousa Amaro, queixou-se que a Venezuela não tem respondido aos pedidos de autorização para que a TAP realize voos humanitários entre Caracas e Lisboa, apesar de ter autorizado outras companhias.
"Nós, a TAP e a nossa embaixada em nome da TAP, fizemos um pedido para dois voos humanitários em dezembro e dois voos humanitários em janeiro (...) Infelizmente as autoridades venezuelanas ainda não nos deram resposta, não obstante as insistências e os pedidos que temos feito", disse à Lusa Carlos de Sousa Amaro.
Em 24 de janeiro de 2022 a Venezuela atualizou as restrições às ligações aéreas comerciais permitindo a realização de voos regulares para Espanha, mas continuando a restringir os voos para Portugal.
"De maneira excecional, unicamente estão autorizadas as operações comerciais aéreas para o transporte de passageiros entre a República Bolivariana da Venezuela e os países da Turquia, México, Panamá, República Dominicana, Bolívia, Rússia, Cuba e Espanha", refere um comunicado divulgado pelo Instituto de Aeronáutica Civil (INAC) venezuelano.