Dia triste
O passado dia 30 de janeiro foi um dia triste para Portugal e para os portugueses. Em democracia, o populismo vence sempre, e desta vez não foi exceção.
O António Costa durante a sua campanha dava a ilusão que vivíamos no país das maravilhas, em que tudo era perfeito. Nem parecia que estávamos no país que tem uma classe média empobrecida, salários baixos que afastam os nossos jovens qualificados, pensões de reforma que não permitem viver com dignidade, um elevado nível de pobreza e cuidados de saúde de baixa qualidade. Nem parecia que estávamos num país em pleno processo de empobrecimento, que está na cauda da Europa nos principais indicadores económicos. E, acima de tudo, nem parecia que estávamos no país governado pelo PS nos últimos 7 anos.
Rui Rio tentou ser sensato e realista durante a campanha. Tentou explicar aos portugueses alguns conceitos básicos de economia, que seriam importantes interiorizar antes de ponderar o voto. Por exemplo, o facto de ser necessário criar riqueza e fazer a economia crescer, para depois o Estado poder assumir o seu papel na redistribuição de rendimentos. Isto é tão óbvio que até me custa escrever, mas se um país não cria riqueza, vai redistribuir o quê? Ele explicou também como era essencial executar reformas estruturais de forma a aumentar a produtividade e competitividade da economia. Ficou evidente que os portugueses não queriam saber disto.
A baixa literacia financeira e a elevada dependência do Estado ajudam a explicar este resultado, que reflete uma sociedade incapaz de assumir o risco de mudança necessário para reverter a tendência decadente da nossa economia.
Agora ficamos entregues a um governo que não faz ideia de como vai fazer a economia crescer e que vai ter de gerir uma dívida pública superior a 130% do PIB, numa altura em que a inflação está a disparar, e que obriga o Banco Central Europeu a subir as taxas de juro. A pior coisa que podia nos acontecer, é ter socialistas a governar em tempos tão difíceis.
Os portugueses tomaram a sua decisão. Agora é aguardar o regresso do FMI.
JC