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Agora, é ver…

O frenesim das eleições antecipadas terminou. Tudo ficou mais clarificado.

António Costa e o PS estão com uma segunda maioria absoluta socialista desde que há democracia em Portugal. A primeira foi a de Sócrates em 2005, com toda a sucessão de eventos.

Costa pediu, e o povo correspondeu. Está de parabéns, assim como todos os que cumpriram o seu dever cívico. Como sempre, o ritual pós-eleitoral engloba a digestão dos resultados.

Nas eleições do dia 30, não houve muita oportunidade a vitórias de Pirro, à excepção do PS-Madeira, que ridiculamente embandeirou em arco, mesmo depois de terem perdido mais de três mil votos em relação às legislativas nacionais de 2019, e de terem levado uma “coça” em dez dos onze concelhos da RAM. Mas percebe-se a colagem à vaga vitoriosa do continente, de quem na Madeira, só tem conhecido derrotas sucessivas com a chancela da “eterna-auto-demissionária” liderança regional do PS.

Outro grande vencedor foi o CHEGA e André Ventura que de uma assentada passou de um deputado para uma dúzia deles. A generalidade da comunicação social e dos comentadores políticos nestes últimos dois anos, ainda não perceberam que quanto mais demonizam o CHEGA, mais ele cresce. E cresce porque há centenas de milhares de portugueses que não são influenciáveis pelo exército de pés-de-microfone e freteiros do politicamente-correto que continuamente rebobinam a mesma cassete, como se o alfa e ómega da política nacional se reduzisse a algumas idiotices proferidas por Ventura, as quais nem ele acreditará. Todavia, a legitimidade democrática abrange todos os eleitores. Convém que Costa, agora investido de reforçada responsabilidade, não destrate essas mesmas centenas de milhares de portugueses que assim materializaram a expressão do descontentamento, cansaço e desilusão.

A Iniciativa Liberal e a sua sóbria e esclarecida campanha eleitoral viram recompensado o seu trabalho, na sua mensagem desprovida de ruído. Beneficiou da orfandade do CDS, do PSD, e de alguns abstencionistas duma geração jovem, urbana e qualificada que não se revê no país pardacento dum Abril romanceado dos sovietes, desde logo impresso numa Constituição esclerosada que mantemos.

Ora, é esse país dos PCP’s, Verdes e BE’s que enquanto abcessos enquistados da nossa política, cujos camaradas empregaram o seu voto útil no PS, indo mais além da mensagem de Cunhal que nas presidenciais de 1986, deu indicações para a “camaradagem” votar Soares tapando-lhe a cara no boletim. Desta vez taparam até as suas foices e martelos e votaram abundantemente no PS. Aquele abraço de urso de Costa iniciado em 2015 fez imensos estragos. A extrema-esquerda portuguesa está reduzida a uma mera insignificância.

PSD e CDS são derrotados em toda a linha, mas com graus distintos de severidade. A falta da federalização da direita, que deveria ser encabeçada pelo PSD, ditou este desfecho aziago para o PSD e trágico para o CDS.

Rio é sério e honesto demais para ser primeiro-ministro e líder partidário, apesar de ter os mínimos para ser um autarca de eleição (como foi), do Porto. É temperamental e politicamente impreparado para ter arcabouço de “estadista”.

O nosso Xicão, tornou-se num soldadinho de chumbo tão pesado, que nem consegue subir as escadas do Parlamento. Ficou imóvel na sua birrinha como um tanso mimado, depois de se apegar sofregamente à toalha sabendo que destruiria toda a faiança. O CDS merecia mais que isto.

O PS e a sua confortável maioria alcançada em São Bento, tem a oportunidade de reformar o país. Mas desconfio que o faça. Os três deputados socialistas eleitos pela Madeira para São Bento têm poder para influenciar os dossiers da Madeira engavetados, mas se nada fizeram até hoje, desconfio que o façam agora. Vou-me sentar à espera de ser surpreendido.